Um dos maiores centros de peregrinação e espiritualidade do Brasil, considerada a Capital da Fé do Nordeste, a terra do Padim Ciço, como é chamado pelos romeiros. Cidade da região sul do estado do Ceará, distante 515 km da capital, Fortaleza, foi fundada em 1911 sob o olhar da fé do Padre Cícero Romão Batista. É a metrópole da região do Vale do Cariri. Polo cultural de artesa¬nato e cordel nordestino.
Foi um sacerdote de estatura baixa, pele branca, cabelos claros e olhos azuis, que nasceu no dia 24 de março de 1844, na cidade vizinha de Crato - CE. Tinha uma pregação persuasiva e fundamentada no binômio: oração e trabalho. Aos poucos foi transformando a realidade social e religiosa da região. Tornou-se o amigo, o conselheiro e o protetor do povo nordestino. Recém-ordenado sacerdote, chegou no povoado de Juazeiro no Natal de 1871, quando a cidade era apenas um arruado de casas em torno da pequena capela dedicada a Nossa Senhora das Dores. No ano seguinte fixou residência. Ele foi o primeiro prefeito da cidade e faleceu em 20 de julho de 1934 com ares de santidade.
Em março de 1889, durante a Missa, enquanto Padre Cícero distribuía a comunhão, a hóstia consagrada entregue à Beata Maria de Araújo, transformou-se em sangue na sua boca. O fenômeno religioso passou a atrair multidões de peregrinos, romeiros e turistas até os dias de hoje durante as festas religiosas.
São ciclos anuais de peregrinações vividos e incentivados pelo Padre Cícero. Começam em setembro com a romaria de Nossa Senhora das Dores, seguindo com a roma¬ria da esperança, em memória aos fiéis defuntos, no mês de novembro; concluindo com a romaria de Nossa Senhora das Candeias, no mês de fevereiro.
O romeiro, aquele que faz a romaria, chega a Juazeiro com chapéu de palha, a pé, a cavalo, de bicicleta, ônibus, carro, caminhão, “pau-de-arara” e até de avião. Aloja-se em ranchos, hospedarias, casas ou hotéis.
Durante uma romaria, vivida em uma grande festa ou novenário, os romeiros participam das celebra¬ções, momentos de oração e são ouvidos em confissão. Visitam as igrejas, museus, mercados e pontos turísticos, além de irem ao Horto, na Serra do Catolé.
Uma romaria é na verdade um retiro espiritual para o verdadeiro romeiro que se prepara durante o ano para partir em uma das festas religiosas, rumo à terra que é considerada como um lugar santo.
É o centro das romarias, localizada no centro da cidade. Foi inaugurada em 1884 no lugar da primitiva capela construída pelo Padre Cícero Romão Batista. Ao longo dos anos, foi ampliada e re¬formada algumas vezes. Em 2003 foi elevada à condição de Santuário Diocesano e em 2008 recebeu o título de Basílica Menor.
O seu pátio é imenso e acolhe multidões durante as grandes celebrações campais. A atual imagem da padroeira foi adquirida na França e chegou a Juazeiro em 1887. Nas dependências da Basílica Menor, o romeiro pode pagar promessas, rezar nos diversos ambientes e conhecer a história da igreja, das romarias e de seus párocos em um museu com rico acervo de fotos e objetos sacros.
A capela dedicada a Nossa Senhora das Dores é o local em que foi sepultado o Padre Cícero Romão Batista. Foi construída na entrada do cemitério que recebe o mesmo nome e inaugurada em 1932 depois de várias paralisações dos trabalhos. Segundo historiadores, o início da construção se deu em 1905, quando Padre Cícero começou a projetar um novo cemitério para a cidade. É um local místico. Antes, o romeiro ia a Juazeiro para ouvir os conselhos e pedir a bênção ao “Padim Ciço”, os atuais romeiros vão à Capela do Socorro, colocam suas imagens, terços, águas e objetos de devoção sobre seu túmulo, para serem abençoados. É o momento do agradecimento e pedido, da conversa pessoal com o seu padrinho e protetor, antes do retorno.
É uma área localizada na Serra do Catolé e que pode ser vista de toda cidade. Pertenceu ao Padre Cícero Romão que construiu um casarão, como local de descanso e retiros espirituais.
Hoje o casarão é um museu com personagens em tamanho real, em resina de poliéster, que retratam cenas da vida do religioso. Os ambientes foram divididos em capela, salas de apoio, livraria, quartos e corredores com fotos, dados sobre a vida do sacerdote e muitos ex-votos, peças que representam milagres alcançados. No pátio do casarão foi erguida a imponente estátua do Padre Cícero, inaugurada em 1969, com 27 metros de altura. Diante da imagem o romeiro reza, paga promessas, e, dependendo da localização, tira uma foto de recordação com a mão do Padim abençoando sua cabeça. À frente da imagem, um belo mirante com vista para toda cidade de Juazeiro e para a Chapada do Araripe. Abaixo da estátua, em dois pavimentos, o romeiro pode adquirir lembranças e imagens em lojinhas de variedades. O local é administrado pelos padres Salesianos que estão concluindo há alguns metros do casarão a monumental Igreja de Bom Jesus do Horto. Ainda no Horto, além de participar das celebrações que são frequentes, o romeiro pode seguir o caminho penitencial do “Santo Sepulcro” a cerca de 3 quilômetros da estátua.
Além da programação religiosa, o romeiro tem os seus momentos de lazer. Visita as feiras livres, mercados públicos, museus, shopping e santuários. No Memorial Padre Cícero, concluído em 1988, no largo da Igreja do Socorro, o romeiro pode ver os objetos pessoais do Padim Ciço, além de documentos, livros e fotografias. É um centro de pesquisas e estudos.
No caminho do Horto o romei¬ro pode tirar uma foto no Luzeiro do Nordeste, inaugurado em 2005 e situado na Praça dos Romeiros. É uma das maiores torres do nordeste, com 113 metros de altura, construída com cerca de 250 tone¬ladas de aço. Um verdadeiro cartão postal. Na visita aos santuários não pode faltar o Santuário Sagrado Co¬ração de Jesus, de estilo arquitetônico barroco europeu, que começou a ser construído em 1949 e foi inaugurado em 1978. Possui traços de uma maquete que o Padre Cícero trouxe de Roma. É administrado pelos padres Salesianos e representa o desejo do Padre Cícero de propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Já o Santuário de São Francis¬co das Chagas, inaugurado em 1950, possui um largo em que o romeiro pode fazer a trilha penitencial chamada de “passeio das almas”, com 330 metros, sobre muralhas, além de apreciar ao centro a imagem de São Francisco e a bela torre da igreja com 45 metros de altura.
É frequente avistar ônibus entrando no pátio para dar três voltas buzinando ao redor da imagem. Cada giro é um agradecimento ao “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo”.
Um lugar muito especial, cidade criada pelo Padre Cícero Romão, onde morou, foi administrador, sacerdote, conselheiro, curou e realizou milagres. Considerada sagrada para os romeiros. É o lugar para conhecer e viver a “espiritualidade do caminho”, que começa com a preparação das viagens, e, é vivida no trajeto e no peregrinar os caminhos do Padim Ciço. Ir a Juazeiro é ter uma experiência de fé do povo simples e sofrido que, seguindo os conselhos do seu grande conselheiro, peregrina para recarregar suas forças e renovar a fé. O Padre Cícero ainda não está nos altares, mas está presente no altar do coração de cada romeiro que o considera santo. A Igreja já comprovou a sua herança espiritual e agora os romeiros aguardam e rezam para que o Vaticano analise as indicações de graças e milagres atribuídos à intercessão do Padre Cícero Romão Batista
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