A Santa Missa

Quem é de Deus fala as palavras de Deus

Na Santa Missa desta quinta-feira (28), Frei Gilson meditou sobre o sim que dizemos a Deus todos os dias no trabalho de conquistar o mundo a Cristo por meio da Imaculada

Escrito por Frei Gilson Miguel Nunes

28 ABR 2022 - 11H30

Pixabay

O Frei Gilson Miguel Nunes (OFMConv.) presidiu hoje a Celebração da Palavra no Oratório Imaculada Conceição e São Maximiliano Maria Kolbe, em São Bernardo do Campo, São Paulo, e comentou a Primeira Leitura (At 5, 27-33) e o Evangelho de hoje (Jo 3, 31-36).

Frei Gilson destaca que nós temos que ter gratidão pela nossa história, por mais que muitas vezes a história de muitos de nós seja feita de cruzes e sofrimentos. Nenhum de nós tem a família perfeita ou a infância perfeita. Afinal de contas a perfeição é amar o que se tem e transformar aquilo que não foi experiência de amor em acolhida e em experiência de redenção e ressurreição.

A Cruz que inventada pela maldade humana para humilhar e fazer sofrer os perdedores e inimigos de guerra, se torna para nós fonte de vida e salvação, de misericórdia que jorra para a vida eterna.

Nossa história é uma história sagrada. Sou do tempo em que na catequese recebíamos a história sagrada, um livro antigo que tinha os acontecimentos mais importantes da história da salvação. Não era a Bíblia, mas poderíamos dizer que era um resumo da Bíblia para as crianças.

Essa história sagrada é a da vida de cada um de nós, que Deus vai escrevendo e manifestando nela o Seu amor. O Evangelho diz que quem é de Deus fala as palavras de Dele, e para isso a Milícia da Imaculada nasceu no coração de Kolbe, para falar as palavras do Senhor.

Tem um versículo que o Frei Sebastião repete sempre e eu sei que está no seu coração: “De tal modo Deus amou o mundo que enviou o seu Filho para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida em Seu nome” (Jo 3,16). Essa tem sido a Palavra que orienta toda a vida da Milícia da Imaculada.

Eu a conheci por meio da Revista O Cavaleiro da Imaculada dos nossos irmãos de Brasília, e me inscrevi para fazer a consagração com 15 para 16 anos. Celebrar hoje o dom da minha vida aqui, é celebrar a presença do ideal de Kolbe e da Consagração. Sou muito grato, por tudo o que eu fiz e vivi, mesmo quando estive fisicamente longe da sede. Lembro da minha alegria quando eu professei os primeiros votos e a primeira festa de Kolbe, que eu pude participar, da missa presidida pelo Frei Sebastião e depois conviver mais perto com aquele que também me inspirou.

Em uma das nossas conversas, eu achava que era impossível falar com ele, mas um dia eu consegui. Entrei na sala e perguntei como fazíamos para ser frei e ele respondeu que não podia ser bunda mole, desculpe o termo, mas se fosse bunda mole não serviria.

Em uma linguagem mais polida, precisa ser forte, precisa ser capaz de sofrer pela Imaculada, porque amar é sofrer, o amor verdadeiro comporta o sofrimento. Nós não buscamos o sofrimento no amar, mas amar tem consequências, dói. Não é isso que diz Kolbe e Madre Teresa de Calcutá? Amar a causa da Imaculada pode nos trazer sofrimento, mas aceite em paz todo o sofrimento porque Deus pode tirar um proveito maior disso.

Ao longo desses anos todos, esse ideal continua vivo, nesse momento são novos desafios. Frei Sebastião e eu temos conversado muito, a Milícia da Imaculada cresce em alguns países latinos, como na Bolívia, está começando na Guatemala e na Costa Rica. A Milícia da Imaculada cresce na África, em Burkinafaço, Gabão, onde nem os frades estão, como na Costa do Marfim, mas a Milícia da Imaculada chegou e encantou um leigo, que levou-a adiante. Sem contar nos países mais antigos da Europa, a Polônia, a Itália, os Estados Unidos que desde o tempo de Kolbe receberam essa missão e essa graça.

Olhando esse nosso imenso Brasil, a Rede Imaculada de Comunicação e os desafios que nós temos hoje. Tudo isso nasceu do sonho de Kolbe, foi o caminho deixado por ele: conquistar o mundo inteiro a Cristo pela Imaculada. Quem é de Deus fala as palavras de Deus.

Nós estamos aqui, consagrados à Imaculada para a missão de evangelizar, para falar as palavras de Deus. É verdade que nós tantas vezes somos instrumentos ineficazes, o Papa emérito Bento dizia que Deus também sabe se servir de instrumentos débeis, frágeis e cheios de defeitos, mas a Imaculada é a toda pura, perfeita no amor e na entrega. Por isso, quando caímos, desanimamos e nossas fraquezas humanas atrapalham a evangelização, ela nos toma pela mão como uma mãe toma seu filho e nos conduz de novo a Jesus.

Desde que eu conheci Kolbe, sempre me alegrei muito, porque hoje, 28 de abril, é o dia em que Kolbe celebrou sua primeira missa, está em seus Escritos, e graças à iniciativa do Frei Sebastião, o trabalho da Matilde Luvisotto e de tantos outros, hoje nós temos os Escritos versados em nossa língua portuguesa.

Ele fala da primeira missa em seus Escritos, o que ele sentiu e o que significou para ele ser sacerdote de Cristo, o amor de Kolbe pela Eucaristia. Nós sabemos também do amor do Frei Sebastião pela Eucaristia, de não passar um dia se quer sem celebrar a Eucaristia, mesmo nas montanhas, no bunker em Auschwitz, a Eucaristia como o sol da nossa vida.

Hoje eu gostaria de celebrar o dom da Milícia, mais do que a minha pessoa. Sim, é meu aniversário, mas é um presente da Imaculada, então eu gostaria de celebrar o hoje o sim de Francisco, de Kolbe e dos primeiros frades que fundaram a Milícia, o sim do Frei Sebastião, porque se ele não tivesse acreditado e se encantado pelo ideal da Milícia da Imaculada, nós não estaríamos aqui hoje.

Nós somos frutos de um sim, e temos que continuar, porque cada um deve dar seu sim a cada dia nesta entrega da Imaculada. Esta aventura é sempre nova! Cada um de nós pode dizer: Eu sou o Cavaleiro da Imaculada! Eu faço parte desse exército da Paz e do Bem! Com a minha vida e consagração, como mãe, pai, profissional liberal, empresário, dona de casa, criança, jovem, como doente, Kolbe fala dos cavaleiros aos pés da cruz, dos mílites que com seu sofrimento.

O mais bonito é saber que a Milícia da Imaculada é alimentada financeira e espiritualmente por todas essas pessoas, por aqueles que com seu pouco fazem generosidade, o multiplicam pela Evangelização. Sim, você que me ouve agora, faz esse sonho.

Eu termino lembrando o meu encontro com o Frei Sebastião, em que ele dizia que gente mole não serve para ser frade e nem para estar na obra da Imaculada. Com uma outra frase que até hoje é motiva da minha meditação. Quando o Frei, depois da última missa do domingo, olhando a cidade, as luzes dos prédios que cada vez mais se multiplica, e essa pergunta: Como eu vou chegar a essas pessoas?

A pergunta do Evangelho de hoje é quem é de Deus fala as palavras de Deus, como a Palavras de Deus vão chegar a esses prédios, onde a Igreja não chega, onde nem o Padre e nem o Frei entram, onde os catequistas não entram? Como eu vou chegar à cadeia e no hospital, nas casas mais distantes?

O Papai Noel desce pela chaminé, mas não dá para descer por lá. Mas o rádio chega, a TV chega, e nesse tempo de pandemia, com as transmissões diárias do Oratório, quanta gente não enlouqueceu? Quanta gente surtou menos? Como a missa de cada dia foi esse sol? Esse lindo sol de outono que faz hoje me inspirou, foi a Imaculada que mandou!

Mesmo quem está em casa no escuro, participando da missa aqui neste Oratório, cuja luz é abundante e passa pelas mãos da Imaculada, quantas pessoas foram e são amparadas pela revista e pela nossa programação?

Quantas pessoas solitárias não disseram que apesar de não terem ninguém, não estavam sozinhas porque a Rádio e TV Imaculada e a revista estavam com elas?

O sonho de Kolbe de conquistar o mundo e os corações, quem é de Deus fala as palavras de Deus, e aqui é coisa de Deus. A Milícia da Imaculada é obra dela, depois desses dois anos de pandemia, com essa situação tão difícil, com uma crise econômica terrível, quantas empresas quebraram? Quantos comércios não resistiram? E a Imaculada nos honrou!

Ela tem cuidado da obra que é dela, com dificuldades sim, muitas! Meses em que as dificuldades vinham todas de uma vez, mas a Imaculada sempre a dizer: a obra é minha, eu cuido do que é meu!

Nós não só passamos pela pandemia, mas como estamos continuando a sonhar com novos projetos, ir mais longe! Porque quem é de Deus fala as palavras de Deus.

Obrigado! Porque o teu sim sustenta o nosso sim, obrigado porque a tua contribuição fiel permite que agora nós estejamos aqui rezando, obrigado Frei Sebastião pelo teu sim que não ficou no passado, esse sim se renova hoje, o tempo e os meios mudaram, mas o nosso amor a Imaculada não muda. Esse cresce a cada dia junto com a consciência da missão.

Que Deus nos dê a Sua graça, que a Imaculada não solte a nossa mão, e que você que acredita nessa obra, conquiste novos mílites, não deixe de sonhar conosco!

Transcrição Mariana Costa

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