A vida consagrada começa com a descoberta da vocação. Da nossa parte, esta consiste em uma inclinação, gosto ou tendência para um determinado tipo de vida. Da parte de Deus, é um chamado, uma revelação, uma iniciativa de amor: “Tu és meu / Tu és minha... És precioso(a) aos meus olhos... É a ti que eu quero” (cf. Is 43,1-7).
Nos relatos bíblicos de vocação, a iniciativa é de Deus. Jeremias era um moço tímido, que não parecia ter o perfil do profeta. No entanto, o Senhor o chamou e lhe disse: “Antes de formar-te no seio de tua mãe, eu já contava contigo. Antes de saíres do ventre, eu te consagrei e fiz de ti um profeta para as nações” (Jr 1,5). Jeremias tentou resistir: “Eu sou uma criança, não dou para isso...” Mas o Senhor lhe disse: “Não tenhas medo. Eu estou contigo!”.
A primeira vocação é o chamado à vida. Toda vida é vocação e toda vocação é sempre em vista de uma missão: a salvação do mundo. Deus criou o homem (Adão) e a mulher (Eva) e os colocou no jardim do Édem, para o cultivar e guardar (Gn 2,15). Deus quer que o homem e a mulher sejam felizes. Ele nos chama a sermos felizes, nesta vida e na Vida Eterna.
Lá pelo ano 1850 a.C., “o Senhor disse a Abrão: ‘Sai de tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu te vou mostrar’” (Gn 12,1). Com a vocação de Abrão, depois chamado Abraão, Deus iniciou a História da Salvação, que chegou ao seu ápice com Jesus de Nazaré, o Filho de Maria. A vocação cristã é um encontro pessoal com Cristo, iniciado no Batismo e desenvolvido ao longo de toda a vida.
Por último, a vocação tem uma dimensão comunitária. “Um cristão sozinho não é cristão”. Da amizade com Cristo nasce a comunidade dos discípulos de Jesus. A Igreja é “comunidade de comunidades”. Nela não deve haver bandos ou partidos, mas unidade na diversidade de raças, de culturas e de carismas. A vida dos cristãos se unifica em torno a um só centro: a pessoa e a missão de Cristo.
A vida consagrada nasce, dentro da Igreja, como resposta a uma vocação ou chamado particular que Deus faz aos diversos fundadores e fundadoras. São Bento gostava das montanhas; São Bernardo, dos vales. Francisco não queria que os frades menores estudassem nas universidades; Inácio reuniu os primeiros jesuítas na universidade de Paris. “Toda a renovação da Igreja consiste essencialmente numa maior fidelidade à própria vocação” (Vaticano II, citado por Francisco, em Evangelii Gaudium, 26).
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