Frei Patrício Sciadini, carmelita descalço
Dizem que as palavras são veículos de comunicação e quando não se sabe o significado se perde o fio da meada. É bom colocar de uma vez por todas o que eu entendo e, como eu, milhões de pessoas entendem por família: “união estável de um homem e de uma mulher, que se unem no sacramento do matrimônio para serem de mútua ajuda e terem a alegria de gerar filhos, educando-os na lei de Deus e da Igreja”. Este conceito é tomado do compromisso do matrimônio que homem e mulher expressam diante de Deus, da comunidade reunida e do presidente da mesma Igreja.
É desta família que queremos falar e apresentá-la como “família feliz”. Nesta família em que cremos e que incentivamos, e que Jesus incentiva nas bodas de Caná, da Galiléia.
Toda pessoa, isto é, todo homem e toda mulher tem o direito de formar uma família. Esta norma é superior a qualquer lei, a qualquer seita e a qualquer limitação. Ninguém é chamado para viver a sua existência encerrado na torre de marfim, fechada de todos os lados e no mais terrível egoísmo, onde se perde de vista a alegria da vida. E segundo todos os princípios humanos, psicológicos e religiosos, ninguém pode ser feliz sozinho e ninguém veio ao mundo por própria iniciativa e sem a cooperação dos outros.
Aqui não há cientista que negue, é a evidência mais clara e mais luminosa que o sol ao meio dia. A felicidade exige reciprocidade, encontro, intercâmbio, é comunicação de ideias, de vida, de amor. Tudo o que não se comunica fica podre e nos mata por dentro. Chegando a certa altura da vida, toda pessoa se pergunta o que vai fazer de sua existência e como quer vivê-la e com quem. A pergunta: “por que não me caso e não formo uma família” faz parte dos questionamentos que não podem ser evitados. Mesmo os que escolhem, por motivos religiosos, o caminho da castidade, sabem que não é por egoísmo e nem porque poderão viver sozinhos. Eles necessitam transbordar o próprio amor aos que encontram ao seu redor.
Uma das pedras fundamentais da família feliz é poder escolher com quem se quer casar. É uma decisão livre e que não pode ser imposta por nada, por ninguém e por nenhum motivo, nem econômico, nem social, nem de raça, de cor e nem de religião. Cada um pode dizer e deve poder dizer ao longo de sua existência: “eu me casei porque eu quis” e “não formei uma família porque eu não quis”, dando razão a si mesmo do seu agir.
Onde não há liberdade não há família e não há felicidade. Quem de nós não tem encontrado na vida uma família feliz, embora que para chegar ao matrimônio foram obrigados a superar dificuldades de todo tipo?
A você, que é casado, eu convidaria a se perguntar: por que me casei com meu marido ou por que me casei com minha mulher? Fui livre? Este é o primeiro tijolo na construção de uma família feliz. Aconselhe, mas deixe os seus filhos e filhas livres para se casarem com quem quiserem... senão não haverá felicidade.
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