Formação

Entenda os elementos do espaço litúrgico

Um ditado popular afirma que “beleza não põe mesa, mas não se joga no chão”. Este ditado pode ser facilmente aplicado à vida litúrgica da comunidade.

Padre Antônio Bogaz (Divulgação)

Escrito por Padre Antônio Sagrado Bogaz

24 JAN 2021 - 00H00 (Atualizada em 06 MAI 2021 - 14H08)

Pixabay

Faz uma grande diferença quando adentramos o espaço sagrado da liturgia e o ambiente está bem preparado e cada elemento está em seu lugar. As cores, as flores, iluminação e o perfume no espaço da celebração servem para ingressar o espírito humano no sentido mais profundo do ritual.

Reconhecemos os tempos litúrgicos. Os cantos do tempo quaresmal são completamente diferentes dos cantos natalinos. Sempre destacam o mistério pascal, mas em diversas dimensões, levando a comunidade a viver o sentimento e a mensagem próprios de cada período litúrgico. A mesma reflexão se refere às diversas modalidades das celebrações penitenciais, festivas, martiriais e do tempo comum. Como as celebrações têm diversos objetivos, os cantos devem corresponder à finalidade da celebração.

Nas várias modalidades de celebração, bem como para os diversos sacramentos, há uma variação de cantos, de cores e de decoração. Consequentemente, a ornamentação deve seguir a mesma intenção e deve estar em harmonia com o ritual. Para a celebração da vigília pascal, por exemplo, todos os elementos decorativos devem corresponder ao sentido festivo da ressurreição de Cristo. A ornamentação da quaresma deve ser mais austera e sóbria, com menos elementos que evocam a alegria e a festa.

Os rituais têm objetivos próprios e a ornamentação os exprime por meio das formas, das cores e dos símbolos.

Uma verdadeira decoração é pensada pela equipe de celebração a partir das leituras, do tempo litúrgico, da intenção da celebração e da assembleia.

Os elementos da ornamentação seguem os valores culturais, de modo que as flores, numa celebração funeral, correspondem ao significado das flores e das cores naquela comunidade específica. As flores não têm o mesmo significado nas várias regiões do Brasil. Assim, devem respeitar o seu significado cultural específico. Os crisântemos podem ser sinal de festa em certas regiões, mas em outros lugares são flores próprias dos funerais.

Tantas vezes notamos que a ornamentação não considera o conteúdo e o espírito da celebração, sendo preparada independente daquilo que ocorrerá no ritual litúrgico. Desta forma, a ornamentação trabalha contra o espírito da ação litúrgica. Havendo maior conhecimento da dimensão litúrgica, a equipe de ornamentação ajuda a comunidade a entrar no espírito da celebração e participar com mais eficácia do ritual.

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Padre Antônio Bogaz (Divulgação)
Padre Antônio Sagrado Bogaz

Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Rio Claro-SP, é formado em filosofia, pedagogia e teologia. Possui doutorado em Filosofia pela USP - Universidade de São Paulo, em Liturgia e Sacramentos pelo Pontifício Instituto de Liturgia de Roma, e em Teologia Sistemática – Cristologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. É artista plástico, cineasta, professor universitário e autor de diversos livros sobre Patrística, Liturgia, Ano Litúrgico e Culto dos Santos.

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