Faz uma grande diferença quando adentramos o espaço sagrado da liturgia e o ambiente está bem preparado e cada elemento está em seu lugar. As cores, as flores, iluminação e o perfume no espaço da celebração servem para ingressar o espírito humano no sentido mais profundo do ritual.
Reconhecemos os tempos litúrgicos. Os cantos do tempo quaresmal são completamente diferentes dos cantos natalinos. Sempre destacam o mistério pascal, mas em diversas dimensões, levando a comunidade a viver o sentimento e a mensagem próprios de cada período litúrgico. A mesma reflexão se refere às diversas modalidades das celebrações penitenciais, festivas, martiriais e do tempo comum. Como as celebrações têm diversos objetivos, os cantos devem corresponder à finalidade da celebração.
Nas várias modalidades de celebração, bem como para os diversos sacramentos, há uma variação de cantos, de cores e de decoração. Consequentemente, a ornamentação deve seguir a mesma intenção e deve estar em harmonia com o ritual. Para a celebração da vigília pascal, por exemplo, todos os elementos decorativos devem corresponder ao sentido festivo da ressurreição de Cristo. A ornamentação da quaresma deve ser mais austera e sóbria, com menos elementos que evocam a alegria e a festa.
Os rituais têm objetivos próprios e a ornamentação os exprime por meio das formas, das cores e dos símbolos.
Uma verdadeira decoração é pensada pela equipe de celebração a partir das leituras, do tempo litúrgico, da intenção da celebração e da assembleia.
Os elementos da ornamentação seguem os valores culturais, de modo que as flores, numa celebração funeral, correspondem ao significado das flores e das cores naquela comunidade específica. As flores não têm o mesmo significado nas várias regiões do Brasil. Assim, devem respeitar o seu significado cultural específico. Os crisântemos podem ser sinal de festa em certas regiões, mas em outros lugares são flores próprias dos funerais.
Tantas vezes notamos que a ornamentação não considera o conteúdo e o espírito da celebração, sendo preparada independente daquilo que ocorrerá no ritual litúrgico. Desta forma, a ornamentação trabalha contra o espírito da ação litúrgica. Havendo maior conhecimento da dimensão litúrgica, a equipe de ornamentação ajuda a comunidade a entrar no espírito da celebração e participar com mais eficácia do ritual.
“Eram como ovelhas que não têm pastor”
O comentário teológico desta atividade messiânica é realizado por uma frase bíblica: “eram como ovelhas sem pastor”. Moisés diante de sua morte pede a Deus que estabeleça como chefe da comunidade “um homem que os preceda no entrar e no sair... para que a comunidade do Senhor não seja um rebanho sem pastor” (Nm 27,17). Como Josué tomará o lugar de Moisés, assim, os discípulos continuarão a missão de Jesus, o pastor messiânico que guia e protege a comunidade cansada e abatida. A motivação profunda do compromisso messiânico-salvífico de Jesus, que deve prolongar-se na missão dos discípulos, está na compaixão, naquele amor gratuito e ativo que o impulsiona a intervir para aliviar as misérias do povo, (Mt 14,14; 15,32; 20,34).
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