
Neste trecho que relata o início do significativo caminho de Jesus para Jerusalém, lugar de sua “Ascensão”, são mencionados três casos característicos de vocação. No primeiro, “alguém” – indicação indefinida que pode referir-se a qualquer seguidor – se oferece, de própria iniciativa, a seguir Jesus: “Seguir-te-ei aonde quer vás”. Esta pessoa não foi chamada. Ela está se oferecendo.
A resposta de Jesus: “As raposas tem tocas e as aves do céu ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” quer mostrar a esta pessoa entusiasmada que ela não sabe do que está falando. Aliás, não pode mesmo saber. Pois, aqui fala Aquele que está indo de encontro à cruz e ninguém pode querer isto por escolha própria. Ninguém pode dirigir a si próprio o chamado ao seguimento. Há, portanto, uma separação insuperável entre a oferta voluntária ao seguimento e o seguimento real. Mas, se é Cristo a fazer o chamado, a separação é superada. Ele se coloca como ponte sobre o abismo.
O segundo candidato a discípulo é chamado por Jesus mesmo que lhe diz: “Segue-me!” Só que esta pessoa lhe pede um tempo para sepultar o próprio pai antes de aderir ao seguimento. Jesus, então, replica: “Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, porém, vá e anuncia o Reino de Deus”. Fala aqui um fiel observador da Lei de Moisés, a qual manda assistir os pais na velhice e dar-lhes sepultura digna (cf. Tb 4,3; Ex 20,12). Esse vocacionado quer seguir Jesus, mas sente-se obrigado a adiar o chamado indefinidamente para cumprir um claro mandamento da Lei que nenhum fiel judeu poderia desobedecer. Portanto, a Lei torna-se obstáculo para o seguimento.
A resposta de Jesus “Deixa que os mortos sepultem os seus mortos” quer dizer que, quando feito por Jesus mesmo, o chamado é absoluto nenhuma motivação pode ser colocada como obstáculo, nem mesmo o sagrado mandamento da Lei de Moisés. Dietrich Bonhoeffer diz que, aqui, Jesus “se põe contra a Lei e ordena o seguimento. Só Cristo pode falar assim. É ele que tem a última palavra. O outro não pode colocar-se contra. A esta vocação, a esta graça, não se pode resistir”. Vale dizer que o relacionamento com Deus, agora, não é mais mediado pela observância da Lei de Moisés, porque este se tornou imediato na Pessoa de Jesus (cf. Mt 5,17).
O terceiro “possível” discípulo, como o primeiro, também entende o seguimento como iniciativa própria, um programa de vida por ele mesmo escolhido. Por isso, sente-se no direito de impor condições e, por conseguinte, se emaranha em contradições. Ele quer seguir Jesus, mas quer também estar no controle da situação e estabelecer as condições do seguimento: “permita-me primeiro”. Isto significa que, para ele, o seguimento é uma possibilidade cuja realização depende somente da execução de determinadas condições e preenchimento de certos requisitos. O seguimento seria, assim, uma realidade humanamente compreensível e previsível: há coisas para se fazerem antes e outras depois.
É claro que, com isso, o seguimento fica esvaziado, torna-se um programa humano que a pessoa estabelece para si mesma, conforme as próprias preferências, e que pode justificá-lo em nível racional e ético.
Portanto, com sua iniciativa, este terceiro vocacionado anula o seguimento. Com efeito, o seguimento não admite condições que possam se interpor entre Jesus e a obediência ao chamado que ele faz. Assim, ao impor a condição: “permita-me primeiro”, esta pessoa cai em contradição não só em relação a Jesus, mas também em relação a si mesma. Ela não quer o que Jesus quer nem tampouco o que ela mesma diz que quer. Com uma imagem eloquente, Jesus põe às claras esta contradição: “quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,62).
Colocar-se no seguimento de Jesus significa dar determinados passos concretos. E o primeiro passo feito dentro do seguimento já separa nitidamente o vocacionado de sua vida anterior. Isto quer dizer que a vocação ao seguimento cria uma situação inteiramente nova.
Portanto, seguir Jesus e permanecer na mesma situação de antes são posições inconciliáveis. A Palavra de Jesus não é uma nova doutrina, transmissão de um conhecimento novo sobre Deus, mas sim, uma nova criação da existência. Assim, ao chamar alguém, Jesus estava lhe dizendo que não lhe restava outra possibilidade de crer n’Ele senão abandonar tudo e ir atrás do Filho de Deus feito homem.
Fonte: O Mílite

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