João Batista tinha apenas proclamado que seu batismo era para a conversão dos pecados e que, depois dele, viria um “mais forte” batizando com Espírito Santo e com fogo, e eis que, para surpresa de todos, o “mais forte” se apresenta para ser batizado, por ele, com água. É exatamente assim que ele nos dará o seu espírito. Ninguém jamais ousara pensar que o Senhor ter-se-ia imerso até o mais profundo de nossa humanidade, comunicando-nos a sua vida tomando sobre si a nossa morte. Ele nos ama e quer unir-se a nós. Não podendo nós subirmos até ele, ele desceu até nós.
O batismo de Jesus descreve, no modo mais divino, o mistério da encarnação: ele fez-se pessoa humana, em tudo igual a nós, para nos divinizar. Sua humanidade é o princípio da nossa divinização.
É assim que Jesus inicia o seu ministério. Em vez de um discurso programático, ele toma uma atitude que delineará o perfil de toda a sua vida. Com efeito, a cena do batismo antecipa a da paixão (15,27-39). No batismo Jesus está na fila dos pecadores, na cruz está no meios deles; no batismo se imerge na água da qual todos nascemos, na cruz se afoga na morte de malfeitor da qual todos morremos; no batismo rasgam-se os céus, na cruz rasga-se o véu do templo; no batismo desce, sobre ele, o Espírito, na cruz ele entrega o seu espírito; no batismo uma voz celeste o proclama Filho de Deus, na cruz uma voz da terra o reconhece como tal.
O batismo de Jesus revela a paixão de Deus por nós, que se tornou “com-paixão” e não nos abandona jamais. O batismo é uma semente que já contém a grande árvore do Reino, a cruz. É uma miniatura perfeita que delineia com precisão as feições do Filho, as quais o restante do evangelho desenvolverá.
No batismo, Jesus revela um Deus totalmente diferente daquele que toda religião afirma e todo ateísmo nega. Quando alguém teria ousado pensar um Deus na fila dos pecadores, humilde e solidário conosco? É a imagem mais poderosa de um Deus que ninguém jamais viu e que, agora, nos mostra o seu verdadeiro rosto. Por isso Jesus é o “mais forte”. Ele está repleto da força de Deus, que sendo puro amor, é fraqueza extrema. Ele foi crucificado em virtude de sua fraqueza, diz o apóstolo (2Cor 13,4). Com efeito, o amor se despoja inteiramente até o dom extremo de si. Essa fraqueza é força e sabedoria de Deus (1Cor 1,24).
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