Lendo o Evangelho

A conversão inadiável

Neste terceiro domingo do tempo de quaresma, vamos meditar sobre não perdemos a oportunidade do momento da salvação

Frei Aloísio, Ministro Provincial

Escrito por Frei Aloísio Oliveira

20 MAR 2022 - 00H00

Algumas pessoas abordam Jesus para lhe relatar o trágico episódio dos galileus que Pilatos matou cruelmente, misturando o sangue deles com o dos animais oferecidos em sacrifício. Por associação de ideias, Jesus lembra o desabamento da torre de Siloé, matando dezoito pessoas. Segundo a mentalidade judaica, em geral, doença, sofrimento e morte, especialmente violenta com derramamento de sangue, eram castigos por pecados cometidos.

Portanto, a maneira de relatar os acontecimentos trágicos poderia, algumas vezes, esconder certa presunção: nós, que não sofremos tal desgraça, somos justos e não pecadores como as vítimas. Conforme a tradição profética que busca perceber os apelos de Deus nos acontecimentos, Jesus afirma que ambos os fatos são um chamado à conversão urgente e comprometida.

O apelo à conversão é ainda reforçado pela parábola da figueira estéril, plantada na vinha (cf. Lc 13,6-9). Sem frutos, não há razão para conservá-la. É melhor cortá-la para liberar o terreno para outras plantas. A mensagem é de fácil compreensão. O dono da vinha é o próprio Deus, conforme a tradição profética (cf. Is 5). Israel é sua plantação predileta. O vinhateiro é Jesus, o enviado do Pai. Há três anos proclamava o Reino de Deus, convocando as pessoas à conversão, mas seu apelo não era atendido.

Embora sua pregação fosse superior à de Jonas (Lc 11,32), os contemporâneos de Jesus não acolhiam sua mensagem e não se dispunham à conversão. Contudo, apesar de toda essa dureza de coração, Deus continuava a ser paciente com eles.

O tempo suplementar concedido à figueira, mediante o apelo do agricultor, significa a misericórdia de Deus, revelada na missão de Jesus, que sempre espera que o pecador se converta. Contudo, é preciso saber: a longanimidade do Senhor não suprime a necessidade da mudança de vida. Não se pode abusar da paciência divina, desperdiçando oportunidades e adiando o momento da conversão.

É hoje que Jesus passa e é agora o momento da salvação. Há sempre o risco de se perder a oportunidade decisiva da salvação. O prazo para conversão é sempre concedido, mas por mais longo que seja nunca é interminável. Se, malgrado todos os cuidados recebidos, a figueira não começar a produzir frutos, será cortada.

Fonte: O Mílite

Escrito por
Frei Aloísio, Ministro Provincial
Frei Aloísio Oliveira

É Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis dos Frades Menores Conventuais e especialista em Sagrada Escritura.

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