Lendo o Evangelho

Gratuidade, o princípio de Deus-Pai

Não devemos calcular méritos. Somos incapazes de perceber que um só dom de Deus supera todos os merecimentos que poderíamos acumular

Frei Aloísio, Ministro Provincial

Escrito por Frei Aloísio Oliveira

20 SET 2020 - 12H00 (Atualizada em 05 MAI 2021 - 16H47)

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Esta parábola exprime o critério orientador do agir de Deus-Pai, que possui uma lógica própria.

Fixos ao princípio da estrita retribuição proporcional, os trabalhadores contratados para trabalhar na vinha, logo na primeira hora do dia, constatando que os que chegaram à última hora receberam um denário cada um, fizeram seus cálculos e imaginaram que receberiam doze denários.

Porém, ficaram desconcertados quando receberam um só denário, conforme o contrato. Então, concluíram que foram injustiçados e reclamam ao proprietário: “Estes últimos trabalharam uma hora só e tu os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor do sol” (v.12).

A murmuração provém da multidão, mas o dono da vinha não responde à multidão. Ele responde a um só indivíduo. É que os servos não se devem deixar determinar pela opinião pública, mas cada um deve considerar pessoalmente o princípio do agir do proprietário da vinha.

Aos murmuradores, ele respondeu que não cometeu injustiça com eles, pois lhes pagou o preço combinado pela diária de trabalho. Buscando ampliar-lhes o horizonte, afirmou-lhes, ainda, que a razão de sua frustração era a incapacidade de compreenderem o princípio da Graça e Misericórdia, fundamento de seu agir: “Ou o teu olho é mau porque eu sou bom?” (v. 15). Tal incapacidade os deixava cegos e sujeitos a enganos de cálculos impróprios.

Os murmuradores representam os escribas e fariseus, que conduzem seu relacionamento com Deus fiando-se dos próprios méritos e ousando prevê-los e calculá-los. Tal maneira de praticar a religião é imprópria. Por isso, eles não compreendem que o critério orientador do relacionamento de Deus conosco é sua Bondade Misericordiosa, não nossos méritos.

Pretender calcular méritos é cegueira absurda de um “olho doente”, incapaz de perceber que um só dom de Deus supera infinitamente todos os merecimentos que poderíamos acumular se vivêssemos desde o início até o fim do mundo.

O texto é uma advertência para avaliarmos o teor de nossa fé cristã e verificarmos se esta consiste em imitar a Bondade e Misericórdia de Deus, critério absoluto para participarmos de Seu Reino: “Se a vossa justiça não superar a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).

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Escrito por
Frei Aloísio, Ministro Provincial
Frei Aloísio Oliveira

É Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis dos Frades Menores Conventuais e especialista em Sagrada Escritura.

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