Na Paixão de Jesus é representado o drama extremo do bem e do mal, da vida e da morte. Com a sua morte e ressurreição, Jesus, que personifica o gênero humano, delineia o destino do homem.
Desde o início, o mal, personificado em Satanás, persegue Jesus no deserto (4,1-13) e a ferrenha oposição demoníaca se manifesta durante o seu ministério pelos conflitos frequentes e pela libertação dos possuídos.
O combate definitivo, porém, será na paixão. Depois da tentativa fracassada de seduzir Jesus no deserto, Satanás se retira “para retornar no momento oportuno” (4,13). Tal momento se dá na paixão, quando satanás entra em Judas e aciona o terrível mecanismo da traição e da morte (22,3). A presença ameaçadora do mal, camuflada por semblantes humanos, se manifesta nos fatos: a traição insensata de Judas, a fraqueza dos discípulos, a implacável hostilidade dos chefes, o consentimento da multidão, a curiosidade escarnecedora de Herodes, a indecisão e o ato de injustiça final de Pilatos, os escárnios sem fim infligidos a um homem que morre.
Que haja nisso algo mais que a simples fraqueza humana e o cálculo errado, as próprias palavras de Jesus o acenam. Ele prenuncia aos seus discípulos que na paixão, que já está próxima, enfrentará a prova, a luta extrema entre a vida e a morte, entre o bem e o mal. No momento que os seus inimigos o prendem, Jesus identifica a força real do ódio deles: “... esta é a vossa hora, o domínio das trevas” (22,53).
Mesmo mostrando um Jesus senhor do próprio destino, a narração de Lucas não subestima o papel agressivo e desconcertante que o mal e o sofrimento exercem sobre a experiência humana. Ao mesmo tempo, toda a perspectiva da narrativa da paixão não deixa dúvidas sobre a derrota do mal, o qual parece esgotar toda a sua fúria contra Jesus, o Filho de Deus. Pelo poder do amor de Deus, o poder da morte é destruído, para sempre, em favor de todas as pessoas.
O triunfo da graça sobre a morte vê-se na ambivalência daqueles que são instrumentalizados pelo poder do mal. Os discípulos, frágeis e incapazes de compreender, pouco a pouco tomam coragem e se tornam testemunhas do Cristo Ressuscitado (24,48). Até as multidões que condenaram Jesus são levadas a chorar por ele e se arrependem diante de sua morte; um dos criminosos se agarra a ele, cheio de esperança e é recompensado com o paraíso. O centurião romano encarregado de executar a crucificação de Jesus é o primeiro a reconhecê-lo como um justo. José de Arimatéia, um membro do conselho que condenou Jesus toma coragem de pedir o seu corpo crucificado. Por fim, Jerusalém, a cidade assassina de profetas, onde o Filho de Deus é rejeitado e crucificado torna-se o lugar onde o Cristo ressuscitado lançará suas raízes.
Desenvolvendo até o fim o drama da vida e da morte, a paixão de Jesus proclama o sentido pleno do Evangelho. Em Jesus, o Filho de Deus, Filho de Adão, é representada toda a esperança da humanidade. O encontro de Jesus com o mal e com a morte é previsão de todo o destino humano. A injustiça, o sofrimento, a morte são realidades dolorosas e a história da paixão o reconhece, mas elas não têm a última palavra sobre o destino do ser humano. Isto é claramente demonstrado no drama da paixão em que Deus atua à revelia das forças do mal, as quais revelam contraditoriamente o poder de Deus e do seu Cristo
Fonte: O Mílite
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17º Domingo do Tempo Comum l 28 de julho de 2024
A multidão vinha de longe para encontrar-se com Jesus. Vinha de todos os cantos à procura de cura para os seus males e também à procura de sua Palavra. Jesus sempre atento às necessidades do povo percebeu que estavam com fome, e aproveitou-se desse momento para dar uma verdadeira aula de partilha.
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