Certo dia, enquanto caminhava para Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” (Mc 8,27). Eles responderam-lhe: “Uns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros, ainda, que é Jeremias ou um dos profetas” (Mc 8,28). Jesus, então, direcionou a pergunta a eles mesmos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mc 8,28). Fazendo-se porta-voz dos demais, Pedro respondeu-lhe: “Tu és o Messias!” (Mc 8,29).
A resposta tão inspirada não o poupou, porém, de severa reprimenda posterior: “Vai atrás de mim, Satanás... porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!” (Mc 8,33).
Com efeito, a pergunta só pode ser respondida mediante o seguimento do Filho de Deus, que se encaminha para a paixão e morte de cruz (cf. Mc 8,31), o que Pedro rejeita abertamente (cf. Mc 8,32).
Ora, com tal rejeição, ele deixa desprovida de conteúdo a resposta tão apropriada que dera antes. Por isso, a repreensão do Senhor: “Vai para trás, Satanás!” visa restabelecer Pedro como discípulo, isto é, reconvoca-o a ser Seu seguidor e não um opositor, alguém que faz o percurso com Ele e não quem lhe barra o caminho; isso equivale a pensar como Deus, não como ser humano (cf. Mc 8,33b).
Com isso, o texto quer dizer que somente passos concretos feitos no seguimento de Jesus Cristo podem nos responder que é Ele para nós. Portanto, toda pergunta e resposta sobre a identidade Dele, desvinculadas do compromisso de Seu seguimento, permanecerão uma evasão que desaparecem com nosso pensar como homens, confinando-nos a um horizonte sombrio, sem o fulgor da luz admirável a que fomos chamados (cf. 1Pd 2,9).
Com efeito, Jesus Cristo será sempre o que fizermos dele no percurso de nossa existência, ou seja, o significado de Sua Pessoa só ficará evidente e tangível para nós na história de um relacionamento com Ele, dedicando-lhe tudo, inclusive a própria vida (cf. Mc 8,34-37).
A importância de Cristo para nós será, pois, proporcional ao que lhe dedicarmos (cf. Mc 8,35). Como disse Saint-Exupéry em O Pequeno Príncipe: “É o tempo que perdeste com tua rosa que a tornou tão importante”. Quer dizer: a importância da rosa só se revelou pela dedicação a ela no transcurso do tempo. Sem isso, a pergunta: “O que é a rosa? permaneceria mera especulação, sem possibilidade de resposta.
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