Por Espiritualidade Em Formação Atualizada em 09 JAN 2019 - 11H50

NA ESCOLA DE MARIA PARA TORNAR-SE PESSOA

Caminhando na Consagração


Arquivo MI
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Caminhando na Consagração


A consagração à Imaculada, verdadeira essência e atividade do milite, leva a viver 
intensamente o relacionamento entre Mãe e filho e aprender com Ela. Crescer na escola de Maria requer a recuperação da maternidade integral que não se esgota na tarefa da geração dos filhos, mas continua no processo de humanização através da educação. O que quer dizer para nós ir à escola de Maria Imaculada?

Para os milites da Imaculada o Totus Tuus de João Paulo II sintetiza de modo espetacular o valor do relacionamento com a Virgem Maria, liberando-o de toda interpretação intimista e devocional. E nela sua carta apostólica Rosarium Virginis Mariae (RVM) o Papa, evidencia o papel natural da mãe, que é o de ensinar, e a consequente atitude do filho, que é a de aprender, nos apresenta Nossa Senhora como nossa Mãe e Mestra.

Maria, como mãe de Jesus, acompanhou o seu crescimento humano na casa de Nazaré, como nossa mãe entregue pelo próprio Jesus da cruz, tem agora a tarefa de “educar-nos e plasmar-nos, com a mesma solicitude, até que Cristo esteja formado em nós plenamente” (RMV, 15).

Mas quem é a mestra mais especialista que Maria? “No entendimento divino é o Espírito, o Mestre interior que nos leva à plena verdade de Cristo, entre os seres humanos, ninguém melhor do que Ela conhece Cristo, ninguém como a Mãe pode introduzir-nos a um conhecimento profundo do mistério” (RVM, 14).

Por desígnio de Deus, Maria constitui a ajuda “indispensável” oferecida por uma pessoa humana para a realização do plano de salvação. Dentro deste desígnio, Maria oferece ao Filho a sua contribuição de mulher-mãe. E o fez de maneira completamente “normal”, “tão discreta a ponto de passar despercebida aos olhos dos contemporâneos” (Redemptoris Mater, 3), como uma criatura que vive sobre a terra “uma vida comum a todos, plena de solicitude familiar e de trabalho”, confirma o documento conciliar sobre o Apostolado dos leigos.

“Cristo é o Mestre por excelência, o revelador e a revelação”. Não se trata somente de aprender as coisas que Ele ensinou, mas de “conhece-Lo”. Porém, nisto, qual é a mestra mais experiente do que Maria? Se do lado de Deus é o Espírito, o Mestre interior, que nos conduz à verdade plena de Cristo, de entre os seres humanos, ninguém melhor do que Ela conhece Cristo, ninguém como a Mãe pode introduzir-nos no profundo conhecimento do seu mistério.

O primeiro dos “sinais” realizado por Jesus – a transformação da água em vinho nas bodas de Caná – mostra-nos precisamente Maria no papel de Mestra, quando exorta os servos a cumprirem as disposições de Cristo. E podemos imaginar que Ela tenha desempenhado a mesma função com os discípulos depois da Ascensão de Jesus, quando ficou com eles à espera do Espírito Santo e os animou na primeira missão. (Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 14)

Mãe é aquela que gera e educa

Assim foi para Maria em relação àquele Filho excepcional que o Espírito lhe gerou no ventre: assim continua a ser, na fé, para os irmãos e irmãs que Jesus lhe confiou na cruz.

Pode-se dizer, portanto, que Maria é a Mãe educadora de Cristo e dos cristãos. Educar implica uma relação que encontra o seu protótipo no encontro mãe-filho: desta primeira e fundamental relação se desenvolvem no filho a segurança, serenidade, equilíbrio, confiança na vida e visão dos outros e do mundo.

Maria é a primeira formadora da fisionomia humana e religiosa do filho e lhe transmite a sua decidida marca de mulher forte e crente. Cada um de nós, na escola da Virgem Maria, reproduz aquele perfil espiritual e humano que o torna a imagem e semelhança do Filho.

É surpreendente notar como nosso Maximiliano Kolbe já havia intuído em 1940 este conceito retomado e desenvolvido na mariologia pós conciliar. Escreve de fato: “No seio de Maria a alma deve renascer segundo a forma de Jesus Cristo. Ela deve nutrir a alma com o leite da sua graça, cuidar dela amorosamente e educá-la do mesmo modo como nutriu, cuidou e educou Jesus. No seu colo a alma deve aprender a conhecer e amar Jesus. É do Seu coração que Ela deve tirar o amor a Ele, antes, amá-lo com o Coração d’Ela e tornar-se semelhante a Ele por meio do amor” (SK 1295).

Renascer segundo a forma de Jesus significa evidentemente emergir como perfeito homem/mulher divinizados, conforme ao projeto de Deus: “Quanto mais exatamente alguém reproduz em si mesmo a imagem de Cristo, tanto mais se aproxima da divindade, diviniza-se, torna-se homem-Deus (SK 1295)”.

O Concílio Vaticano II, na Gaudium et Spes retomará este conceito insistindo que “qualquer pessoa que segue Cristo, o homem perfeito, se torna ele mesmo mais homem” (41). A maternidade “espiritual” que Maria exercita sobre cada fiel, em nós em particular a Ela confiados, não pode ser reconduzida a um vago sentimento ou a um estéril e virtual relacionamento entre mãe e filho, mas deve incidir de modo determinante sobre a formação integral da pessoa, promovendo-lhe o crescimento e a maturidade humana.

Aquela que gerou o homem Jesus Cristo, está junto d’Ele, paradigma antropológico para o homem e a mulher de hoje, porque não é só a plena realização do projeto de Deus sobre a pessoa humana, mas é também o processo que conduz a tal realização. Sê é verdade, como é verdade, que pessoa se nasce, e tanto quanto é verdade que pessoa se torna.

João Paulo II na sua última peregrinação a Lourdes, em 15 de agosto de 2004, deixou esta admirável entrega: “Caminhem com Maria sobre as estradas da plena realização da vossa humanidade”.

Mais uma vez não podemos deixar de nos admirar em considerar que padre Kolbe, no seu tempo, quis confiar à Milícia esta função pedagógica; conduzir “ainda mais além a educação do homem, até que tenha atingido a plena realização de si mesmo... O único desejo da Imaculada é elevar o nível da nossa vida espiritual, até o cume da santidade... A doação de si mesmo à Imaculada, portanto, carrega a necessidade de um trabalho em vista do aperfeiçoamento do nosso caráter” (SK 1220). Quem continua a considerar o projeto de consagração de São Maximiliano da Milícia da Imaculada como um coacervo de devoção da velha imprensa, deve fortemente avaliar-se e aproximar-se com profunda humildade para aprender como ser autenticamente homens e mulheres.

Tornar-se semelhantes a Ela

Sim, a Imaculada era proposta como modelo de vida, a agente mais eficaz – no Espírito Santo – para um humanismo integral: “Devemos nos aproximar Dela, tornarmo-nos semelhantes a Ela, permitir que Ela tome posse do nosso coração e de todo o nosso ser, que Ela viva, que possa agir em nós e através de nós, que Ela mesma ame Deus com o nosso coração, que nós pertençamos a Ela sem nenhuma restrição: Eis o nosso ideal” (SK 1210).

Em Auschwitz, onde se tentava cancelar mesmo que fosse o mínimo resíduo da dignidade humana, a Mãe que não abandona nunca os seus filhos e os encoraja, os consola, os conforta, os acolhe entre os braços com amorosa piedade, estava presente e tinha o rosto de São Maximiliano, matrícula 16670 imposta no casaco e no braço. Em Auschwitz Maximiliano atinge o ápice de um caminho de um contínuo crescimento em cuja santidade e pessoa humana se funde de modo extraordinário.

A verdadeira espiritualidade incide sempre de maneira estupenda e determinante sobre a formação e sobre a estatura da pessoa humana, porque à torna coerente com o que vive de uma maneira dinâmica e ajuda a superar os limites impostos pela própria natureza.

Não se pode presumir serem homens e mulheres de grande espiritualidade e ter grandes lacunas no plano comportamental em ordem a honestidade, a sinceridade, a delicadeza do trato, a capacidade de levar em frente às tarefas e as próprias responsabilidades... Se não houver conexão e sintonia entre o humano e o espiritual, como em um curto circuito, a pessoa salta e a espiritualidade se reduz a práticas puramente exteriores.

Na cultura hodierna pós-moderna, perpassada não só pelo pensamento fraco e refratário a referências fortes, circulam muitos zumbis, sem verdadeira identidade, vagando sem meta à procura de um sentido para esta vida, mesmo que nesta vida não tenha sentido, (assim canta Vasco Rossi), Maria de Nazaré, a Mestra de valores antropológicos, nesta “noite do mundo”, (como a define o filósofo Heidegger), nos ensina e nos ajuda a “nos tornar-nos pessoa”. Ela que na sua vida realizou plenamente “o sonho de Deus” sobre o homem, criado à sua imagem e semelhança como “única criatura sobre a terra a ser querida por Deus por si mesma,” (Gaudium et Spes, 24). A Milícia, que “é uma visão global da vida católica sob forma nova, consistente na ligação com a Imaculada” (SK 1220) se põe na escola desta incomparável Mestra e Mãe.

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