A verdade nos faz livres - Dez palavras sobre o amor

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Na minha infância, eu gostava dos filmes em que havia cenas de tribunais de justiça, com júri popular, juízes, advogados e testemunhas. O juiz perguntava a uma testemunha: “Jura dizer a verdade, toda a verdade e nada mais do que a verdade?”. E a testemunha, botando a mão sobre a Bíblia, dizia: “Juro”. 

Meu pai, que era juiz, sempre nos ensinou a dizer a verdade. Ensinou-nos com a palavra e com o exemplo. Eu não me lembro de ter escutado nunca uma só mentira do meu pai. Mas lembro-me, e ainda hoje sinto vergonha, de ter mentido certa vez ao meu pai.

Eu estudava na primeira série do curso primário no Colégio Marista de Carrión de los Condes, cidade de Castela, por onde passam os peregrinos do Caminho de Santiago. Meu pai gostava que meu irmão e eu lhe contássemos coisas do Colégio. Mas, passados os primeiros dias, o Colégio tinha poucas novidades para contar. Então, eu inventei uma história. Meu pai gostou dela e riu bastante. O pior foi que ele a contou aos seus amigos. E eu fiquei arrependido de ter enganado meu pai e temeroso de que viesse a descobrir que eu tinha inventado aquela história.

Muitos anos depois, sendo já padre, eu preguei vários retiros espirituais para advogados. Certa vez, uma jovem advogada disse-me que ela se sentia mal, tendo que mentir para defender o cliente. Eu lhe disse que nenhum cristão deve mentir, seja qual for sua profissão. E ela fez o propósito de não mentir mais. Tempo depois, escreveu-me: “Sabe que está dando certo? Até o cliente gosta!”. E com razão. Pois o cliente que vê o profissional mentir perde a confiança nele.

O Oitavo Mandamento da Lei de Deus reza assim: “Não darás falso testemunho contra o teu próximo!” (Ex 20,16). A minha experiência, desde os anos da infância até o dia de hoje, comprova o ditado popular que diz: “a mentira tem pernas curtas”, e a palavra de Jesus: “a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Pode ser que, no momento, quem mente leve alguma vantagem. Mas, a longo prazo, a verdade sempre triunfa.

“Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar a alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos por todo o tempo!” (Abraham Lincoln).