Formação

Partilha de alegrias e dores

No dia do casamento diante do altar do Senhor, quando os noivos, deixando de ser noivos e assumindo o matrimônio, dizem um ao outro: te recebo na alegria e na tristeza, por todos os dias da minha vida, estas palavras têm um valor muito importante, nã

Frei Patrício Sciadini (Divulgação)

Escrito por Frei Patrício Sciadini

02 AGO 2018 - 10H46 (Atualizada em 27 AGO 2021 - 10H04)

CNBB

No dia do casamento diante do altar do Senhor, quando os noivos, deixando de ser noivos e assumindo o matrimônio, dizem um ao outro: te recebo na alegria e na tristeza, por todos os dias da minha vida, estas palavras têm um valor muito importante, não só naquele momento de alegria, mas sempre. O amor não pode ser passageiro nem fruto de algo que é prazeroso por um momento, e ser descartado quando as dificuldades chegam. Mais cedo ou mais tarde vai chegando numa família a dor, o desemprego, a velhice, os dissabores e desentendimentos. A presença da cruz se faz necessária e inevitável.  

Estes são os momentos em que o amor deve se revelar com toda sua força, solidariedade e beleza. Não se experimenta a certeza da amizade e do amor de uma pessoa quando tudo vai bem, mas quando a cruz chega e nos faz perder de vista o rumo, e nos lança numa solidão em que nos parece não enxergar mais o caminho que temos iniciado. Família não é lugar só de alegrias, mas sim de amor, um amor que está pronto a tudo o que der e vier. Um amor fundamentado sobre a palavra de Deus, que se faz dom generoso de um ao outro, entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos. Um amor que é marcado pelo desejo de carregar juntos o peso das dificuldades.

O que às vezes se pode notar na sociedade de hoje é o que poderíamos definir como “a sociedade da fuga das responsabilidades”. Quando chegam as dificuldades, a parte que não está afetada diretamente prefere pegar o rumo da porta e se mandar, deixando os que ficam, em situações difíceis de serem superadas sozinhos. É preciso que na família, como em qualquer comunidade, sejam rompidos os muros do individualismo e do fechamento. Numa família, num grupo que se ama, não dá para raciocinar como a tartaruga que, quando vê o perigo, se esconde na sua casinha e pronto.

É necessário sair do nosso comodismo e ir ao encontro dos outros. A partilha nem sempre é fácil, mas é necessária. A primeira comunidade cristã, apresentada por Lucas nos Atos dos Apóstolos, é modelo não só para a Igreja ou para a vida religiosa, mas também para as famílias. Uma comunidade unida, onde tudo está em comum, onde não há nenhum necessitado, e onde se partilha tudo: sofrimentos, alegrias, bens materiais... para que possamos ser “um só coração e uma só alma”. O egoísmo nos impede de colher a beleza da partilha. O ser humano não foi criado para viver sozinho, mas para estar junto com os demais, e ninguém pode ser consumidor da família ou se aproveitar das situações para pensar em si mesmo. A espiritualidade familiar exige sentar-se todos juntos ao redor da palavra de Deus, não da TV e nem da mesa do churrasco. Para partilhar, para ver, julgar e agir as várias situações e procurar juntos o caminho certo para uma vida mais saudável e humana. O que Jesus recomenda a todos os seus discípulos é: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei!”

Escrito por:
Frei Patrício Sciadini (Divulgação)
Frei Patrício Sciadini

Frei Patrício Sciadini é sacerdote carmelita. É um dos maiores especialistas em espiritualidade dos santos carmelitas. Nasceu em Arezzo, na Itália. Quando jovem, após a ordenação sacerdotal, veio para o Brasil, apaixonou-se por esta terra e naturalizou-se brasileiro. Mora no Egito desde 2010, onde serve a Igreja como provincial dos carmelitas descalços.

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