Por Padre Luís Gonzalez Quevedo Em Formação

Ter uma vida unificada com Deus

A forma mais antiga de vida consagrada é a vida monástica. Esta surgiu como contestação da vida mundana. A exploração dos pobres, o luxo dos ricos e a corrupção era incompatível com o desejo de uma vida unificada pelo desejo de oração




O jovem Antão (Antônio, o copto) ouviu na igreja o texto evangélico do chamado de Jesus ao jovem rico (Mt 19,21) e sentiu que Jesus o convidava a segui-lo radicalmente. Saiu da igreja, arrumou os assuntos da família e foi morar no deserto. Santo Atanásio, contou a história de Antônio e suscitou tantas vocações, que o deserto encheu-se de eremitas ou anacoretas.

Os “Padres do Deserto” foram chamados de “monges” (do grego monos = um), porque tinham uma vida unificada pela busca de Deus, pelo seguimento de Jesus, pelo serviço dos pobres. Para conseguir isso, renunciavam aos bens materiais, ao amor humano, à alegria dos filhos, e à liberdade de fazer o que a gente quer.

Para o mundo, os monges são “loucos”, por desprezarem o ouro e a prata, o prestígio e o prazer. Mas para o monge, “toda abundância, sem Deus, é escassez” (Gregório Magno). Na origem da minha própria vocação à vida consagrada, eu tive este sentimento de insuficiência de tudo o que o mundo pode oferecer. Eu queria mais, eu queria outra coisa. O que quer um jovem, quando decide deixar a família, o namoro, a vida profissional, e entrar em um mosteiro, convento ou comunidade cristã?

No início de toda vocação à vida consagrada, não está muito claro o que queremos, mas sim sabemos, com certeza, o que não queremos. “O mundo não me satisfaz”, canta o Padre Zezinho, “o que eu quero é a paz”. A paz é a maior riqueza dos mosteiros e conventos.

Os verdadeiros monges, que infelizmente não são todos os que vestem o hábito monástico, são pessoas pacificadas, unificadas. E, nisso, são exemplo para todos os cristãos.

Hoje, não faltam jovens que desejam a vida monástica. Mas, com frequência, muitos acabam desistindo da vocação, por falta de perseverança. A vida monástica é bela, mas não é fácil. Na Vida de Antônio, lemos que ele teve que lutar contra os demônios das paixões que habitavam no seu eu mais profundo.

“Os mosteiros foram e continuam a ser, no coração da Igreja e do mundo, um sinal eloquente de comunhão, um lugar acolhedor para aqueles que buscam Deus” (João Paulo II, Vita Consecrata, 6).

Escrito por
Padre Luiz Gonzalez Quevedo (Arquivo Pessoal)
Padre Luís Gonzalez Quevedo

Nascido na Espanha, tornou-se advogado antes de ingressas na Companhia de Jesus. Depois de ordenado sacerdote veio para o Brasil como missionário atuando em centros de espiritualidade, comunidades e faculdades. Atualmente ministra retiros espirituais em diversas cidades do Brasil.

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