O jovem Antão (Antônio, o copto) ouviu na igreja o texto evangélico do chamado de Jesus ao jovem rico (Mt 19,21) e sentiu que Jesus o convidava a segui-lo radicalmente. Saiu da igreja, arrumou os assuntos da família e foi morar no deserto. Santo Atanásio, contou a história de Antônio e suscitou tantas vocações, que o deserto encheu-se de eremitas ou anacoretas.
Os “Padres do Deserto” foram chamados de “monges” (do grego monos = um), porque tinham uma vida unificada pela busca de Deus, pelo seguimento de Jesus, pelo serviço dos pobres. Para conseguir isso, renunciavam aos bens materiais, ao amor humano, à alegria dos filhos, e à liberdade de fazer o que a gente quer.
Para o mundo, os monges são “loucos”, por desprezarem o ouro e a prata, o prestígio e o prazer. Mas para o monge, “toda abundância, sem Deus, é escassez” (Gregório Magno). Na origem da minha própria vocação à vida consagrada, eu tive este sentimento de insuficiência de tudo o que o mundo pode oferecer. Eu queria mais, eu queria outra coisa. O que quer um jovem, quando decide deixar a família, o namoro, a vida profissional, e entrar em um mosteiro, convento ou comunidade cristã?
No início de toda vocação à vida consagrada, não está muito claro o que queremos, mas sim sabemos, com certeza, o que não queremos. “O mundo não me satisfaz”, canta o Padre Zezinho, “o que eu quero é a paz”. A paz é a maior riqueza dos mosteiros e conventos.
Os verdadeiros monges, que infelizmente não são todos os que vestem o hábito monástico, são pessoas pacificadas, unificadas. E, nisso, são exemplo para todos os cristãos.
Hoje, não faltam jovens que desejam a vida monástica. Mas, com frequência, muitos acabam desistindo da vocação, por falta de perseverança. A vida monástica é bela, mas não é fácil. Na Vida de Antônio, lemos que ele teve que lutar contra os demônios das paixões que habitavam no seu eu mais profundo.
“Os mosteiros foram e continuam a ser, no coração da Igreja e do mundo, um sinal eloquente de comunhão, um lugar acolhedor para aqueles que buscam Deus” (João Paulo II, Vita Consecrata, 6).
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