Na celebração dos mistérios de Cristo, a Igreja venera com especial amor a Mãe de Deus que está unida à obra salvífica de seu Filho. No ano litúrgico, a Igreja inseriu ainda as memórias dos mártires e dos outros Santos, que “cantam nos céus o perfeito louvor de Deus e intercedem em nosso favor” (SC 130-104). Embora Maria seja figura importante na história da salvação, seu lugar na liturgia deve ser sempre orientado de forma a apontar o mistério maior do próprio Cristo. O culto a Maria, Mãe de Deus, que se foi desenvolvendo ao longo dos séculos tanto no Ocidente quanto no Oriente, não deve desvirtuar a mensagem e o fundamento da celebração litúrgica, que celebra o mistério pascal. Como a veneração de Maria está muito presente nas celebrações católicas, é necessária uma profunda compreensão para que a prática da piedade litúrgica não impeça o equilíbrio entre o mistério pascal e suas manifestações na tradição cristã. O culto Mariano precisa ser apresentado dentro do mistério de Cristo, celebrado na Igreja, fazendo com que a liturgia se enriqueça no culto à Virgem Maria.
“A liturgia cristã esclarece e diferencia o culto a Maria e aos Santos do culto de adoração ao mistério de Cristo. No culto, Cristo é a figura central, mas Maria e os santos estão associados ao mistério crístico. Os santos participam como instrumentos divinos na história da salvação, englobando sua participação ativa no mistério de Cristo e no ministério de sua Igreja”(Catecismo da Igreja Católica 1173).
O culto à Maria é assumido pela Igreja em quatro características de culto:
Trinitária: o culto leva a participar do mistério da Trindade, vivendo em comunhão com Deus Pai, pelo Filho no Espírito Santo, exemplo de diálogo e ação de graças ao Deus Trino;
Cristológica: inserida na totalidade do mistério de Cristo, Maria participa da história da salvação, onde a centralidade é o Cristo;
Pneumatológica: Maria, aberta à ação do Espírito se fez serva do projeto de Deus na humanidade, deixando-se iluminar pelo Espírito Santo;
Eclesial: a santidade de Maria serve de laços entre a humanidade e a comunidade eclesial no compromisso do anúncio da Boa Nova.
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