Por Paulo Teixeira Em Nossa Senhora

Nossa Senhora e o sinal de Deus

A revelação do amor de Deus pela ternura de Maria

Pixabay
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De fevereiro a julho de 1858, Nossa Senhora apareceu a uma menina chamada Bernadette Soubirous, na pequena cidade de Lourdes, às margens do Rio Gave, na França. Foram 20 ocasiões em que a menina se encontrou com Maria numa gruta.

Atualmente o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes recebe mais de quatro milhões de peregrinos todos os anos. Muitos doentes se dirigem ao Santuário para beber da água da fonte que Maria fez surgir e esperam a cura vinda de Deus. Nossa Senhora de Lourdes faz ecoar no mundo a mensagem de fé e esperança do Evangelho. Deus revela Seu amor pelas pessoas sempre.

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 52, indica que as aparições não são um complemento sobre o que Jesus veio revelar, uma espécie de “bônus” da revelação, mas “servem para vivê-la mais plenamente, numa determinada época da história”. Segundo o Catecismo, as orientações da Igreja e a sensibilidade dos fiéis sabe reconhecer nas aparições um chamado autêntico para o seguimento de Cristo. Dessa forma, as aparições de Nossa Senhora não devem ser vistas apenas como curiosidade, mas com olhar de fé que aponta para Jesus. As aparições de Nossa Senhora em Lourdes recordam dimensões da fé e reforçam as palavras do Evangelho, como veremos a seguir.

Em 1983, o Papa João Paulo II esteve em peregrinação em Lourdes e dirigiu esta oração a Nossa Senhora, que expressa a realidade além do tempo e do lugar geográfico dessa aparição: “Tu mesma, deste a Bernadette Soubirous a experiência da Tua suave presença, encarregando-a de uma mensagem que faz eco à palavra de Deus confiada à Igreja. A oferenda que fazemos de nós mesmos diante de Ti, ó Nossa Senhora, deve ser obra pessoal de cada um, de cada família, de cada comunidade eclesial, e é bom que ela seja renovada em casa geração, na forma que melhor exprima esta confiante entrega”.

“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mateus 11,25)

Bernadette Soubirous era uma menina de 14 anos, sofria de asma e era de uma família muito pobre. Viviam em condições muito precárias e, quando Nossa Senhora apareceu à menina, estava com as irmãs buscando lenha para se aquecer. Não foi fácil para a cidadezinha compreender que uma pessoa tão frágil, tão pobre, tivesse um encontro com a Virgem Maria e transmitisse uma mensagem divina. Muitas vezes a lógica humana espera das autoridades, dos “sábios e entendidos”, a mensagem de Deus, mas a ação de Deus no mundo não segue essa lógica e se revela nos pequenos e, por isso, Jesus louva ao Pai no Evangelho de Mateus.

"Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus" (Mateus 3,2)

A pregação de João Batista, que abre o Evangelho de Mateus, expressa a mensagem de conversão, de mudança de vida, que perpassa todo o Evangelho. Maria repete o convite à penitência em Lourdes. Não faz discursos, mas repete a palavra “penitência”, aquela que é repetida diversas vezes e de diversos modos no Evangelho. Uma imagem dura é a de Maria que pede a Bernadette para que beije a terra em sinal de penitência. Uma imagem dura para um mundo que estava já se esquecendo de que pó somos feitos.

“De repente, veio do céu um barulho, semelhante a um vento soprando muito forte” (Atos 2,2)

A primeira aparição foi precedida desta mesma imagem bíblica. Bernadette se assustou com o vento que soprou diferente. Ali, diante daquela manifestação do Espírito Santo, olhando para a gruta, ela encontrou Maria envolta em luz. Até os elementos da natureza revelam Deus. Devemos nos tornar capazes de compreender os sinais.

“Grande será a vossa recompensa no céu” (Lucas 6,26)

Durante as aparições, Maria assegurou uma coisa para Bernadette, que pode parecer meio estranha. “Não te prometo fazer feliz neste mundo, mas no outro”. Para uma sociedade que busca as glórias e o progresso, ouvir que pode não acontecer a felicidade pode parecer duro, mas a garantia da plenitude na vida eterna é a afirmação do que o Evangelho diz nas Bem-aventuranças.

“Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva" (João 4,10)

João narra o emocionante encontro de Jesus com uma mulher samaritana. Entre os dois está a conversa sobre a água e Jesus garante que pode fazer surgir uma fonte de água viva. A fonte que surge em Lourdes e da qual milhares de peregrinos se banham e bebem da água recorda essa fonte que é Jesus, que purifica, que sacia a sede e faz viver. Bernadette e todos doentes que se dirigem a Lourdes vão em busca da cura.

Oração silenciosa

Bernadette viu Nossa Senhora e simplesmente tirou o Rosário do bolso e começou a rezar. A oração é o respiro da vida do cristão. Jesus rezava de forma silenciosa e recolhida durante as noites. O Papa João Paulo II, no ano antes de sua morte e já debilitado, peregrinou a Lourdes e nos deixou essas preciosas palavras: “Ajoelhando-me aqui, junto da gruta de Massabielle, sinto com emoção ter chegado ao fim da minha peregrinação. Esta gruta, onde apareceu Maria, é o coração de Lourdes. Ela faz pensar na gruta do monte Horeb onde Elias encontra o Senhor que lhe fala no ‘sopro de uma brisa leve’ (1Rs 19,12). Aqui, a Virgem convida Bernadette a recitar o Rosário desfiando Ela mesma as contas. Esta gruta tornou-se, assim, a sede de uma admirável escola de oração, onde Maria ensina a todos a contemplar com um fervoroso amor o rosto de Cristo”.

Fonte: O Mílite

Escrito por
Paulo Teixeira
Paulo Teixeira

Jornalista formado na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), atua como editor responsável das revistas O Mílite e Jovem Mílite há mais de quatro anos. É autor do livro "A comunicação na América Latina".

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