Por Espiritualidade Em Perfume de Francisco

Espiritualidade franciscana

A espiritualidade franciscana não conhece outra regra de perfeição que não seja observar Jesus, amá-lo afetiva e efetivamente, e assim transformar-se nele até poder dizer com São Paulo: “Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim”

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Para São Francisco, todas as coisas eram intuitivas, obra espontânea do amor; contudo, ajudará o crescimento de nossa vida espiritual investigar a profundidade de doutrina que se esconde sob esta simples intuição de amor: toda a doutrina do aniquilamento próprio e da transformação em Cristo visa a nossa incorporação no seu Corpo Místico.

O aniquilamento é obra da pobreza, levada às suas últimas consequências de renúncia e desapego absoluto, conforme o ideal de São Francisco; a transformação e a incorporação é obra do amor de Jesus, e Jesus crucificado, fundamento e centro de espiritualidade franciscana, fonte da sua pobreza e do seu amor; ou mais simplesmente: fonte do amor à pobreza, que é o amor a Jesus crucificado. São Francisco encontrou o seu caminho quando o Crucificado lhe apareceu na solidão: “Ante aquela visão, a sua alma ficou inundada de amor; a lembrança da paixão de Cristo imprimiu-se-lhe no coração de tal modo que nunca mais pode pensar em Cristo e na sua cruz sem se desfazer em lágrimas e suspiros”.

Foi a cruz que inspirou a São Francisco o amor da pobreza, da humildade, do aniquilamento; tendo estabelecido o vácuo dentro de sua alma, o mesmo amor de Cristo o transformara, comunicando-lhe as virtudes e a própria vida de Cristo, vida humano-divina, que é toda a perfeição sobrenatural a que devemos aspirar.

Deste amor sobrenatural por Jesus procedem todas as outras características da espiritualidade franciscana: o amor a Maria, inseparável do amor a Jesus; mas um amor filial, íntimo, profundo, porquanto na identificação com Jesus deve-se amar Maria com o mesmo amor de Jesus, para quem Maria não é simples mãe adotiva, mas vida de sua vida e sangue de seu sangue.

O amor às criaturas é também consequência do amor a Cristo, o Verbo encarnado para quem e em quem tudo foi criado e cuja imagem anda impressa em todas as coisas; o amor de São Francisco pelos homens é o seu amor por Cristo em cujo Corpo místico todos formam, ou devem formar, um só Cristo.

Todavia, o amor de São Francisco não se detém em Cristo; tornado um com ele, São Francisco participa de seu amor inefável pelo Pai, ao qual devem regressar todas as criaturas, pelo Verbo encarnado, em um dar-se contínuo de amor no Espírito Santo. São Francisco sentiu a primeira centelha de amor, quando foi repelido por seu pai; então pôde dizer, com o enlevo que depois havia de ir crescendo por toda a vida e que seria o seu respirar profundo: “Pai nosso que estais nos céus…!”

Se Jesus é o fundamento e centro de toda a espiritualidade franciscana, o termo derradeiro do seu itinerário é o Pai, no oceano infinito do amor da Santíssima Trindade, que a franciscana Santa Verônica de Giuliani cantou com profunda elevação em seu Diário: “Parece que a alma se encontra como que nadando em Deus! Lida, lida sem parar e sempre se encontra em Deus; lida para encontrar Deus, conquanto sinta que está em Deus, busca a Deus no próprio Deus, e buscando-o em si o encontra”. E “tudo isto se passa no íntimo de minha alma, a qual se encontrava naquele mar imenso e infinito de Deus, que não é compreendido e de quem não se pode compreender a grandeza e imensidade. Deus possui em si a alma que se perde nele, e nele está nadando como o peixe na água e não encontra vida senão em Deus, para Deus, e com Deus. O coração amoroso de Deus comunica então à alma o seu próprio amor, desprende-a de tudo, e nela quer operar sozinho”.

Qual é a pessoa que não sente vibrar o coração perante a simples narrativa destas experiências de amor a que ele próprio é chamado?

O homem foi criado para o amor, e o amor é a razão do seu ser e de toda a sua atividade. O Itinerário Franciscano conduz a esse amor, pelo caminho de renúncia da santa pobreza, a qual despoja de tudo para dar Tudo, isto é, para dar o Amor: Meu Deus e meu Tudo!

Fonte: franciscanosconventuais.org.br

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