Por Espiritualidade Em Santos

Francisco de Assis, um homem convertido

A espiritualidade para São Francisco é uma pessoa, Jesus Cristo Crucificado, que lhe deu a vocação de restaurar a Igreja (ano 1205: vocação evangélica) e de realizá-la vivendo como os Apóstolos (ano 1208: vocação apostólica)

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Frei José Antônio Corniatti
Franciscano Menor Conventual

Para São Francisco, tudo teve seu início com a conversão no encontro com Jesus Crucificado na igreja de São Damião, em Assis, na Itália, em 1205, com 25 anos de idade. Francisco, na busca de um plano para a sua vida, entra na igreja de São Damião e começa a rezar com fervor, com toda a boa vontade de que era capaz. De joelhos, olhava e contemplava uma imagem do Crucificado. De repente, o olhar benigno, sereno e piedoso do ícone daquele Cristo o comoveu todo.

A experiência era de que os olhos abertos e meigos de Jesus estavam olhando somente para ele, querendo revelar-lhe um importante segredo. De imediato, foi tão atingido por aquele olhar cheio de compaixão que ouviu com toda a clareza sua voz, falando-lhe no fundo do seu coração: “Francisco, não vês que minha casa está se destruindo? Vai, pois, e restaura-a para mim!”. Trêmulo e atônito, respondeu: “De boa vontade o farei, Senhor!” . Ficou, então, tão iluminado e contente com aquela fala que, desde aquele dia até o fim de sua vida, sempre carregou, em sua alma, os estigmas da Paixão do Senhor Jesus Crucificado.

Desde então, Cristo Crucificado passou a ser a vida de Francisco e ele passou a ser e a viver voltado, convertido para Jesus, seu novo Senhor. Para Francisco, amar e seguir Jesus Cristo Crucificado, a partir deste encontro, mais que um ato, um exercício, é sua nova vida, sua nova paixão, seu novo Projeto de Vida.

Deixando de ser um simples fiel, torna-se um “convertido” de Cristo Crucificado e para Cristo Crucificado. Deixando definitivamente a casa paterna, vendeu o que tinha e distribuiu tudo aos pobres. Dirigiu-se ao sacerdote de São Damião pedindo-lhe a permissão para morar com ele. E assim, embora com certa relutância, aceito esse seu pedido, Francisco não é mais somente um fiel ou leigo. Torna-se, oficialmente, um oblato, aquele que se doa a Deus, um convertido. Começam suas primeiras experiências de encontro com o Crucificado.

Nesse tempo radicalizou a experiência da pobreza do Crucificado e foi de porta em porta mendigar o pão para seu sustento: “É necessário que vivas voluntariamente por amor daquele que, nascido pobre, viveu paupérrimo no mundo e ficou nu e pobre no patíbulo e foi sepultado em sepulcro alheio!” (LTC n.22,5). Assim, se Francisco é São Francisco de Assis, o sancionado, que sob o toque da vocação converteu- -se e atravessou todo o processo da sua história e se consumou e recebeu do Senhor Crucificado a confirmação, o selo de excelência, também todo cristão que chega a uma maturidade torna-se um exemplar do povo cristão: santo. Desde o Concílio Vaticano II somos exortados à conversão a Cristo Crucificado. Sem esta busca nenhuma renovação acontecerá nem em nossa vida e muito menos na Igreja.

Devemos reconhecer, porém, que, hoje, esta exortação não é muito acentuada entre nós. Por isso, ao abrir seu pontificado, assim fala o Papa Francisco: “Convido todo cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de o procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (Evangelii gaudium, 3).




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