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Por vontade do Papa, Vaticano escolhe a transparência sobre sua saúde, para evitar fake news

A decisão tomada por Bergoglio na manhã de sexta-feira, ao ver suas análises ainda em suspenso, foi a de solicitar que fosse fornecida informação de forma veraz e tempestiva a todos

Escrito por Cibele Battistini

23 FEV 2025 - 04H36 (Atualizada em 23 FEV 2025 - 08H44)



Para Francisco, ontem foi um dia extremamente difícil, o pior em nove dias. Ele não conseguia mais respirar, a falta de ar havia se tornado insuportável e dolorosa. A crise que se seguiu rapidamente foi horrível. Hoje será o segundo domingo silencioso; seu rosto não será visto no Angelus, como esperavam milhões de pessoas, nem tampouco se ouvirá sua voz. Para ele, no entanto, haverá orações, especialmente em frente ao Gemelli, para lhe dar força e coragem. O papa, que veio de longe, continua a lutar como um guerreiro contra os focos de infecção que não lhe dão trégua nos pulmões e que nas últimas horas se consolidaram evidentemente. Seu corpo, debilitado por semanas de cortisona, ainda está lutando, e espera-se que ele consiga responder adequadamente aos novos tratamentos. A crise foi superada, mas pode haver outra; ninguém exclui essa possibilidade. Saberemos nas próximas horas. 

O MEDO

Nenhum dos profissionais de saúde, mesmo ontem, quis evocar o fantasma pior, aquele da sepsi, que continua sendo o maior risco em um paciente assim, como dissera dois médicos do Gemelli e do Vaticano há dois dias em uma conferência perante o mundo. Naquele momento, ninguém poderia imaginar uma evolução negativa tão rápida e grave. No entanto, naquela circunstância, pressionados pelos jornalistas, os médicos nunca esconderam os piores cenários que um quadro clínico similar poderia envolver. "Estão abertas ambas as possibilidades". Portanto, ou viver ou morrer. Eles não usaram eufemismos e o fizeram por vontade do Papa.

INFORMAÇÃO COMPLETA

A decisão tomada por Bergoglio na manhã de sexta-feira, ao ver suas análises ainda em suspenso, foi a de solicitar que fosse fornecida informação de forma veraz e tempestiva a todos. Os dias anteriores haviam sido marcados por um incessante corre-corre de fake news, as mais fantasiosas, sempre com a mesma matriz negativa, e por isso mesmo, ele pediu aos professores Sergio Alfieri e Luca Carbone que expusessem, sem véus, qual era seu quadro geral, revelando os detalhes, as esperanças (que ainda estão vivas), as terapias, sem omitir nenhum detalhe. Explicando-as com palavras acessíveis, evitando o “mediquês”. Os médicos se esforçaram para ressaltar: "O Papa sempre quis que dissessem a verdade. Vamos logo remover qualquer sombra que possa haver de coisas não ditas". E aos jornalistas: "O que vocês disseram é a verdade". A seguir, chegou a ducha fria de uma frase: "Não é considerado fora de perigo" mas o paciente "não está em perigo de vida".

Então, as coisas começaram a não ir muito bem. Ao relembrar os eventos, algum suspeita deveria ter surgido: o boletim da manhã era mais anômalo, mais sucinto do que o habitual. Tinha alcançado o recorde: apenas cinco palavras. "Papa Francisco descansou bem", sem adicionar que ele se levantou e tomou café da manhã como nos dias anteriores. Ficou claro que algo tinha acontecido nesse intervalo; de fato, naquela horas, ele estava recebendo uma transfusão e sendo administrado oxigênio em altas doses, conforme previsto pelos protocolos para crises semelhantes. O segundo relatório da noite ofereceu alguns elementos a mais e a cronologia dos tratamentos.

HORAS CRUCIAIS

Enquanto isso, o pequeno apartamento no décimo andar do policlínico é praticamente um fortinho ainda mais inviolável. São horas cruciais. Pouquíssimos são autorizados a cruzar a porta para não introduzir microrganismos, vírus, bactérias, mas principalmente para não poluir as informações que a estrutura e o chamado "círculo mágico" – os colaboradores papais mais próximos, incluindo o enfermeiro Massimiliano Strappetti – decidiram fornecer em tempo real. No vilarejo global, qualquer mínima distorção dos fatos poderia inevitavelmente se voltar contra a Igreja. Por isso, Francisco escolheu o caminho da transparência.

Fonte: Tradução Il Messagero

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