Igreja

Indulgência plenária em tempo de pandemia

São concedidas indulgências plenárias aos falecidos e pacientes com Covid-19 e a outros fiéis que realizarem práticas litúrgico-religiosas com a reta vontade de cumprir depois as condições habituais: confissão, comunhão e oração pelo Papa.

Escrito por Túlia Savela

26 MAR 2020 - 18H46 (Atualizada em 17 AGO 2021 - 10H27)

O Vaticano publicou, no último dia 20 de março, um decreto que concede indulgências plenárias aos pacientes com coronavírus e os demais fiéis, observando-se o cumprimento de certas condições.

A Penitenciária Apostólica - órgão da Cúria Romana responsável por regular a concessão de absolvições, dispensas, comutações, sanções, remissões e outras graças - estabeleceu “indulgências especiais aos fiéis afetados pela Covid-19”, “bem como aos profissionais de saúde, familiares e todos que, a qualquer título, mesmo que com a oração, prestam-lhes assistência”.

Além disso, concede de bom grado a Indulgência plenária aos fiéis que ofereçam uma visita ao Santíssimo Sacramento, ou adoração eucarística, ou a leitura das Sagradas Escrituras por pelo menos meia hora, ou a recitação do Santo Rosário, ou o exercício piedoso da Via Crucis, ou ainda a recitação do Terço da Divina Misericórdia, para implorar a Deus Todo-Poderoso o fim da epidemia, alívio para aqueles que estão aflitos e salvação eterna de quantos o Senhor chamou a si mesmo.

Pelos fiéis que não poderão receber o sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático, face à morte física, a Igreja, confiando à Divina Misericórdia todos e cada um deles, em virtude da comunhão dos santos, e concede aos fiéis a indulgência plenária no momento da morte. Isso se dá desde que o fiel tenha disposição de receber tal sacramento e se tiver, durante a vida, o hábito de rezar alguma oração. Nessa condição excepcional, a Igreja supre as três condições habituais necessárias - confissão, Eucaristia e oração pelas intenções do Papa. E recomenda ainda que, para alcançar essa indulgência, o fiel esteja com o crucifixo ou a cruz.

O que é indulgência plenária?

Para melhor entender o que é indulgência plenária, é importante entender o que são as penas, as consequências do pecado que irão nos remeter ao inferno, se forem pecados mortais, ou ao purgatório, se forem pecados veniais antes que recebamos o perdão.

Quando o fiel se confessa, o padre o absolve e perdoa a pena eterna, ou seja, não vai mais para o inferno, como merecia, porque se arrependeu e pediu perdão. Com o perdão da Igreja, somos salvos. Mas, o pecado torna o nosso coração voltado ao mal, nosso coração não está pronto para entrar no céu, pois, se pecamos, ainda não amamos a Deus de todo o coração, de toda alma e todo o entendimento. Se eu me confessar e morrer imediatamente após a confissão, eu estou salvo, mas não estou santo. Entende a diferença? Desse modo, ao morrer, eu irei para o purgatório e, ali, haverá a purificação necessária para que esteja preparada para contemplar Deus face a face.

A indulgência plenária é a remissão deste tempo do purgatório. Ao recebê-la, aí sim, o fiel se livra do purgatório e vai direto ao céu. Assim, se conclui que a absolvição sacramental, o Sacramento da Confissão ou Reconciliação, livra-nos do inferno e a indulgência plenária livra-nos do purgatório. Frei Sebastião explica com suas palavras o que é a indulgência plenária aqui.

Confira a seguir o conteúdo completo do decreto sobre as indulgências especiais neste momento particular de pandemia:

Decreto

Concede-se o dom de indulgências especiais aos fiéis afetados pela Covid-19, comumente conhecida como coronavírus, bem como aos profissionais de saúde, familiares e todos aqueles que, a qualquer título, mesmo que com a oração, prestam-lhes assistência.

“Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm 12, 12). As palavras escritas por São Paulo à Igreja de Roma ressoam por toda a história da Igreja e orientam o juízo dos fiéis diante de todo sofrimento, doença e calamidade.

O presente momento em que se encontra toda a humanidade, ameaçada por uma doença invisível e insidiosa, que já há algum tempo começou forçosamente a fazer parte da vida de todos, é marcado dia após dia por medos angustiados, novas incertezas e, acima de tudo, um sofrimento físico e moral generalizado.

A Igreja, seguindo o exemplo de seu Divino Mestre, sempre tomou a peito a assistência aos enfermos. Como indicado por São João Paulo II, o valor do sofrimento humano é duplo: “é sobrenatural, porque se radica no mistério divino da Redenção do mundo; e é também profundamente humano, porque nele o homem se aceita a si mesmo, com a sua própria humanidade, com a própria dignidade e a própria missão” (Carta Apostólica Salvifici Doloris, 31).

Também o Papa Francisco, nesses últimos dias, expressou sua proximidade paterna e renovou o convite a que se rezasse incessantemente pelos contagiados com o coronavírus. 

As condições habituais para receber a indulgência plenária são:confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre, assim que possível.

A fim de que todos os que sofrem por causa da Covid-19 possam redescobrir, precisamente no mistério deste sofrimento, “o próprio sofrimento redentor de Cristo” (ibid., 30), esta Penitenciária Apostólica, ex auctoritate Summi Pontificis, confiando na palavra de Cristo Senhor e considerando com espírito de fé a epidemia atualmente em curso, a ser vivida como forma de conversão pessoal, concede o dom das indulgências nos seguintes termos.

Concede-se indulgência plenária aos fiéis afetados pelo coronavírus, submetidos ao regime de quarentena por ordem da autoridade sanitária em hospitais ou em suas próprias casas se, com ânimo desapegado de qualquer pecado, se unirem espiritualmente através dos meios de comunicação à celebração da Santa Missa, à récita do Santo Rosário, à piedosa prática da Via Crucis ou a outras formas de devoção; ou se ao menos recitarem o Credo, o Pai-Nosso e uma invocação piedosa à bem-aventurada Virgem Maria, oferecendo essa provação com espírito de fé em Deus e de caridade para com os irmãos, com a vontade de cumprir as condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre) assim que lhes seja possível.

Os profissionais de saúde, familiares e tantos outros que, a exemplo do bom samaritano, expondo-se ao risco de contágio, assistem os infectados pelo coronavírus de acordo com as palavras do divino Redentor: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15, 13), lucram o mesmo dom da indulgência plenária, sob as mesmas condições.

Ainda por ocasião da atual epidemia mundial, esta Penitenciária Apostólica concede de bom grado indulgência plenária, nas mesmas condições, também àqueles fiéis que oferecerem uma visita ao Santíssimo Sacramento, ou a adoração eucarística, ou a leitura das Sagradas Escrituras por ao menos meia hora, ou a récita do Santo Rosário, ou o piedoso exercício da Via Crucis, ou a récita do Terço da Divina Misericórdia, para implorar a Deus todo-poderoso a cessação da epidemia, o alívio dos que estão aflitos e a salvação eterna de quantos o Senhor chamou à sua presença.Leia MaisPapa Francisco concede indulgência plenária nesta sexta-feira às 14h (horário de Brasília)#PrayForTheWorld: a oração especial do Papa pelo fim da pandemia de coronavírus5 coisas para fazer na quarentenaPapa Francisco reza a fim de que vençamos o medo neste tempo difícil

A Igreja reza pelos que se encontram na impossibilidade de receber o sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático, confiando à Divina Misericórdia todos e cada um deles, em virtude da comunhão dos santos; e concede aos fiéis a indulgência plenária no momento da morte, desde que se esteja devidamente disposto e se tenha recitado habitualmente durante a vida alguma oração (neste caso, a Igreja supre as três condições habituais necessárias). Para alcançar essa indulgência, recomenda-se o uso do crucifixo ou da cruz (cf. Enchiridion indulgentiarum, n. 12).

A bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja, saúde dos enfermos e auxílio dos cristãos, advogada nossa, deseja socorrer a humanidade sofredora, afastando de nós o mal desta pandemia e alcançando-nos todos os bens necessários à nossa salvação e santificação.

O presente decreto é válido não obstante qualquer disposição em contrário.

Dado em Roma, na sede da Penitenciária Apostólica, em 19 de março de 2020.

Cardeal Mauro Piacenza

Penitenciário-Mor



Fonte: centrodombosco.org e padrepauloricardo.org

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