Por MI Em Reportagem Atualizada em 03 MAI 2021 - 13H26

Caminhos para a melhor idade

Que o idoso tenha a oportunidade de escolher seu lugar no mundo, onde e com quem quer viver e ter autonomia para buscar seu direitos




Por Ana Cristina Ribeiro, Núria Coelho e Vladimir Ribeiro

Neste mês, comemora-se o Dia Mundial dos Avós em memória aos avós de Jesus, São Joaquim e Santa Ana. Na ocasião, lembramos quanto amor e dedicação eles dispõem aos netos e bisnetos, o que os tornam a melhor memória da vida de uma criança. 

Para registrar a data, escrevemos aqui sobre a atual realidade da população que abrange em maior parte os avós, a população idosa.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. No Brasil mais de 28 milhões de pessoas são idosas, ou seja, 13% da população do país. A Projeção da População, divulgada em 2018 pelo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), indica que esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas.

Para garantir que idosos tenham um futuro com qualidade de vida é necessário o direito à saúde, ao trabalho, assistência social, educação, cultura, esporte, habitação e meios de transportes. É importante também que a sociedade busque caminhos para uma vida mais leve e feliz para quem está na melhor idade. Vamos conhecer iniciativas que podem dar mais autonomia à pessoa idosa.

Centro Franciscano de Convivência

Aproximadamente 200 idosos frequentam o Centro Franciscano de Convivência (CFC), iniciativa social da instituição Cidade dos Meninos Maria Imaculada, localizado em Santo André-SP.

A maior parte dos idosos chegam ao Centro Franciscano por indicação de amigos, iniciativa dos filhos ou familiares, por indicação médica ou por demandas espontâneas.

O CFC é um projeto concretizado, dirigido pela Associação Missionária dos Franciscanos Menores Conventuais e oferece atividades como: alongamento e condicionamento físico, yoga, dança, música, inclusão digital, arterapia (pintura em tela e tecido, crochê, tricô, bordados, macramé, dentre outras) e palestras com temas diversos relacionados à espiritualidade e conscientização.

Antes de iniciar as atividades que o Centro oferece, os idosos passam pela avaliação socioeconômica da assistência social e a partir da aprovação passam a realizar as atividades que se identificam.

Para Vanessa Lima Guarato, coordenadora do centro, o idoso passa por transformações emocionais e afetivas no CFC: “Quando o idoso inicia sua participação no CFC, muitos têm certa timidez, tristeza, e falta de entusiasmo, devido ao medo ou a vergonha. Com o passar do tempo podemos verificar que ele começa a ter vontade de participar, sua vergonha já está ficando de lado e começa a fazer amigos. Essa é melhor parte desse trabalho”, ressalta.

O principal objetivo é fortalecer vínculos familiares e o convívio comunitário, contribuindo com o processo de envelhecimento saudável e isso é evidente no processo de convivência.

Vanessa destaca que com a inserção nas atividades, os idosos “ começam a se referir ao grupo como uma família, isso quer dizer que realmente atingimos nosso objetivo, que é a convivência, porque toda atividade realizada são meios para essa integração.”

No período da pandemia, a instituição teve que se reinventar como muitas outras. A plataforma virtual, tão essencial nesses tempos, foi a mais usada por eles: “conseguimos nos adaptar e ir para o mundo virtual, mas acredito que nem todos os usuários do CFC conseguem acompanhar.

Aqueles que estão conseguindo, as atividades estão sendo realizadas pelas redes sociais e pelo Youtube. Para facilitar o acesso para eles, compartilho o link pelo grupo do WhatsApp”, afirmou a coordenadora.

Creche para os idosos 

A população brasileira está envelhecendo e, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode chegar a 19 milhões de pessoas com mais de 80 anos em 2060.

Esse contingente, se comparado aos dados atuais, perderia apenas para a população total de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o Instituto, em 1980, o Brasil tinha menos de um milhão de pessoas nessa faixa etária (684.789 pessoas) e em 2016 chegou a quase três milhões e meio (3.458.279).

A boa notícia é que o idoso vive hoje uma nova realidade: a internet o deixou mais conectado com a tecnologia, com a saúde e com o bem-estar. Uma nova alternativa chegou há bem pouco tempo no Brasil e já é bastante procurada nos grandes centros. São os centro-dia, popularmente chamados de creches para idosos.

Integrar, cuidar e realizar atividades cognitivas é o que o Centro-dia Alegria de Ser faz com excelência de 15 profissionais entre, cuidadores, cozinheiros e nutricionistas, a casa tem como objetivo principal o incentivo a convivência, exercícios, atividades cognitivas, dieta balanceada e a alegria, já que o nome da casa diz muito sobre isso. Fazer com que o idoso se sinta em casa também é um dos propósitos que o Alegria de Ser possui. O proprietário, Franco Catena, explica que anteriormente a creche para idosos era parecida com o centro de convivência, onde todos ficavam agrupados e passavam o dia. No centro-dia o atendimento passou a ser individual, integrando as avaliações físicas, biológicas, sociais e psicológicas do idoso a tal ponto de cada pessoa ter a atividade
Fazer com que o idoso se sinta em casa também é um dos propósitos que o Alegria de Ser possui. O proprietário, Franco Catena, explica que  anteriormente a creche para idosos era parecida com o centro de convivência, onde todos ficavam agrupados e passavam o dia. No centro-dia o atendimento passou a ser individual, integrando as avaliações físicas, biológicas, sociais e psicológicas do idoso a tal ponto de cada pessoa ter a atividade 

adequada para o seu estado biopsicossocial. Nos preocupamos em dar o conforto necessário ao idoso para que ele se sinta em casa”.

O Alegria de Ser tem o cuidado de estabelecer um vínculo afetivo e também de priorizar a qualidade de vida do idoso e por isso faz uma avaliação  individual com cada um. “Na prática, recebemos o idoso, o avaliamos e é elaborado um plano individual de cuidado para ele. A partir daí a equipe se integra e põe em prática o plano de cuidado” , reforçou Franco.

Durante a pandemia a casa não recebeu os idosos por precaução. Manteve contato telefônico com os familiares e colocaram-se a disposição para qualquer ajuda, respeitando o distanciamento social e as restrições da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Envelhecer com saúde

Envelhecer com saúde nunca foi tão essencial como nos últimos tempos. Atividades físicas podem ajudar no processo do envelhecimento saudável, mas nada disso é possível se não tiver vontade e profissionais para ajudar, como é o caso da Maria do Campo que atualmente está com 73 anos e pratica yoga há 20.

O equilíbrio entre o corpo e a proposta de vida da modalidade foram grandes pontos que levaram a profissional de relações públicas a escolher esse esse exercício: “Posso dizer também que, a necessidade de trabalhar o corpo e a mente por meio do movimento, sempre estiveram presentes em minha vida como cuidado de saúde. Em todos os anos procuro por cursos, workshops e palestras nesse sentido, e sou adepta aos produtos naturais. Acredito que esse estilo de vida me fez mais flexível e independente.”

O personal treiner, Alex Souza há oito anos trabalha com longevidade e envelhecimento e garante que se construirmos uma base sólida na saúde, ela dará excelentes frutos. “Comece cedo a cuidar da saúde e tudo será mais simples, mais fácil e mais inteligente. Ter uma vida ativa e com bons hábitos é uma possibilidade acessível a qualquer pessoa, desde que ela se prepare para isso todos os dias”, afirma Souza.

O novo Idoso

A nova realidade do mundo nos faz ver que a população idosa está cada vez mais longe do clichê de aposentados reclusos, sem autonomia.

O mundo muda constantemente e estar inserido em uma sociedade que muda o tempo todo não é uma tarefa tão fácil. Contudo, acompanhar as mudanças é extremamente necessário para qualquer idade.

Aos 76 anos, o escritor e locutor da Rádio Imaculada, Jorge Lorente não imaginava viver dias de isolamento social como os dos últimos meses. A pandemia, que atingiu em maior parte as pessoas da terceira idade, fez com que o Jorge e muitos outros idosos ficassem totalmente em casa.

Mesmo tendo que manter o afastamento social, Jorge não deixou de estar presente na vida dos seus ouvintes e nem de seus familiares e isso graças à tecnologia.

Desde o início da quarentena o locutor tem feito os programas de casa, pelo software Skype. Falar com os amigos e familiares se tornou ainda mais fácil e constante por causa do WhatsApp, mas ainda assim nada substitui o contato físico, o afeto real. O escritor espera recuperar o tempo perdido: “os contatos são diários, porém, via telefone, WhatsApp com câmera e assim estamos sempre nos vendo e interagindo. Com os familiares próximos e amigos, foram suspensos os tradicionais encontros e passamos a interagir através desses canais de comunicação. Aquele desejo de nos encontrarmos ao redor da churrasqueira, receber e distribuir abraços e cantar moda de viola está suspenso temporariamente, mas, se Deus quiser, brevemente esse sonho se tornará realidade”, reforça.

O ano de 2020 com certeza será um marco na vida do comunicador e de milhares de brasileiros. Contar com a solidariedade e empatia dos amigos é um alento e Jorge sabe bem como foi importante tanta generosidade nesses tempos difíceis: “Deus me enviou uma legião de anjos. Uma jovem vizinha, amigos moradores nas proximidades e, até mesmo, amigos moradores de outros municípios, me pedem a listinha de supermercado, farmácia, etc. Essa gentileza, não tem dinheiro que pague, mas, encontrei uma forma de retribuir: Para esses anjos eu ofereço todas as minhas orações”, enfatiza.

Sobre a importância da tecnologia em tempos de pandemia e em todos os tempos, o locutor afirma: “Entre tantas frases, São Maximiliano Kolbe falou uma coisa que muito me marcou, pois tem muito a ver com o meu modo de ser. Ele disse que nossos olhos devem estar sempre voltados para novos horizontes e eu sou muito favorável a novidades, gosto dos desafios quando as mudanças se fazem necessárias para melhorar algo.” 

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