Igreja em Pauta

Yanomami: o grito de um povo esquecido!!

Dom Mário Antônio, bispo de Cuiabá, esteve à frente da diocese de Roraima por quase seis anos. Para ele, esse foi um período de muitos desafios, mas também de muito aprendizado. Ele fala desse momento de tristeza e de luto dos Yanomami

Escrito por Núria Coelho

25 JAN 2023 - 07H00

Divulgação

Responsáveis pela maior terra indígena em extensão territorial no Brasil, os povos Yanomani voltaram a ganhar destaque no noticiário nos últimos dias devido a um triste contexto: graves casos de desnutrição e malária espalhados pela comunidade, que vive entre os estados do Amazonas e de Roraima.

Os Yanomami passam por uma crise sanitária que já resultou na morte de 570 crianças por desnutrição e causas evitáveis nos últimos anos. A terra indígena sofre com a invasão de garimpeiros, que têm causado desorganização social e gerado problemas de segurança, dificultando ainda o acesso de equipes de saúde às regiões em que há doentes, de acordo com o governo federal.

Durante quase seis anos, de 2016 a 2022, o atual arcebispo de Cuiabá (MT) e segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Mário Antônio da Silva, foi o bispo da diocese de Roraima (RR). O jornalista Paulo Teixeira conversou com dom Mário sobre a realidade dos Yanomami. Acompanhe!!

O POVO YANOMAMI

Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas relativamente isolados da América do Sul. Eles vivem nas florestas e montanhas do norte do Brasil e sul da Venezuela.

Como a maioria dos povos indígenas do continente, os Yanomami provavelmente migraram pelo Estreito de Bering entre a Ásia e a América cerca de 15.000 anos atrás, seguindo lentamente para a América do Sul. Hoje, sua população total é de cerca de 38.000 indígenas.

Com mais de 9,6 milhões de hectares, o território Yanomami no Brasil é o dobro do tamanho da Suíça. Na Venezuela, os Yanomami vivem na Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, de 8,2 milhões de hectares. Juntas, essas regiões formam o maior território indígena coberto por floresta de todo o mundo.

Os Yanomami primeiramente entraram em contato direto com invasores na década de 1940 quando o governo brasileiro enviou equipes para delimitar a fronteira com a Venezuela.

Logo depois, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) do governo e grupos religiosos missionários se estabeleceram no território Yanomami. Este fluxo de pessoas levou às primeiras epidemias de sarampo e gripe, resultando na morte de muitos Yanomami.

No início dos anos 70, o governo militar decidiu construir uma estrada cortando a Amazônia ao longo da fronteira norte. Sem aviso prévio, tratores percorreram a comunidade Yanomami de Opiktheri. Duas aldeias inteiras desapareceram em decorrência das doenças trazidas pelos invasores.

Os Yanomami continuam a sofrer com os impactos devastadores e duradouros da estrada que trouxe colonos, doenças e o álcool. Hoje, os fazendeiros de gado e os colonos usam a estrada como um ponto de acesso para invadir e desmatar a terra Yanomami.

O Igreja em Pauta vai ao ar todos os dias às 2h e às 23h e de segunda a sábado, às 7h30 na Rádio Imaculada.

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