Conversando com alguns colegas de profissão, partilhamos sobre a condição e os transtornos que as crianças têm apresentado e as dificuldades do acompanhamento psicoterapêutico online. Além disso, veio à luz a fragilidade da família, pois muitos pais têm nos avós um apoio fundamental na educação e no cuidado das crianças, mas com a pandemia muitas crianças foram privadas desse rico contato.
Além disso, temos diversas situações: crianças que não conheceram seus parentes; outras não sabem o que é brincar; somado a isso algumas também podem apresentar o medo e a angústia da morte.
Mesmo para a psicoterapia é uma demanda que só houve na Segunda Guerra Mundial quando, em Londres, na Inglaterra, as crianças foram levadas para o interior, para que elas fossem preservadas dos ataques nazistas e, neste período, houve um acompanhamento de profissionais para que houvesse uma adaptação adequada para elas. Os desafios da pandemia são grandes para crianças, adolescentes e pais, mas a partir do momento que há uma segurança afetiva na família, os sentimentos de pertença e confiança são reforçados dando esperança para enfrentar situações que exigem esforço e adaptação de todos.
Quero partilhar uma queixa bem comum na psicoterapia: pais que trazem seus filhos com dificuldade ou resistência para comer. Eu sempre recomendo que eles envolvam os filhos durante a preparação dos alimentos, que os levem à feira para que eles se interessam por aquilo que estão fazendo. Acredito que essa recomendação também pode ser utilizada nesse momento: se os pais apresentarem um testemunho coerente do uso de máscara e dos cuidados com a higiene e contato social, será um aprendizado mais facilitado para as crianças.
É importante que os pais não se sintam culpados pelas condições do momento, pois os filhos também são responsáveis para acolher e se adaptar a essa nova situação. Quanto mais sinceridade, transparência e solidariedade apresentarmos aos nossos filhos mais valores eles terão e são esses valores que preservam a família e a humanidade.
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