Psicologia

Não é só preguiça

A preguiça tem um componente moral e negativo, mas é preciso ir além

Escrito por Eduardo Galindo

10 ABR 2023 - 00H00 (Atualizada em 30 MAI 2023 - 10H42)

São Francisco de Assis contemplava a natureza como uma obra perfeita de Deus, porém, o único animal pelo qual repugnância era a mosca. Certa vez associou a característica desse inseto aos confrades que não queriam trabalhar, como também não tinha medo de repreender quem precisasse. “Segue teu caminho, irmã mosca, por que queres comer o suor de teus irmãos e ficar ociosa no trabalho de Deus? Não ajudas as abelhas a trabalhar, mas queres comer o mel por primeiro”. É importante ir além da moralidade, ela pode ser vista também como um sinal ou sintoma de que algo não está bem com a pessoa.

Durante a infância e a adolescência é importante que os pais eduquem e reforcem os princípios da disciplina, da organização, da pontualidade e do compromisso diante das tarefas de casa e escolares; Se essa educação for bem adequada e apresentada, os filhos passam a ter a responsabilidade para com suas obrigações e os seus pertences. Quando os pais não estimulam essa atitude, a criança pode apresentar dificuldades para se concentrar e cuidar do que é seu. Esse comportamento pode permanecer até a vida adulta.

Quando a desmotivação atinge a pessoa que não tem a preguiça como traço de sua personalidade, isso pode indicar que algo esteja acontecendo. Muitos transtornos e doenças mentais podem apresentar a falta de ânimo, como a depressão ou a Síndrome de Burnout, na qual a pessoa tem um esgotamento mental e não consegue reunir forças para desenvolver suas atividades.

É importante também diferenciar a preguiça da procrastinação. Procrastinar é adiar uma tarefa, uma responsabilidade ou um compromisso de forma constante. Para aqueles que procrastinam, vale a ideia de que tudo pode ser feito depois e não agora. Em grande parte dos casos, o ato de procrastinar está relacionado a questões emocionais, como por exemplo, a insegurança e o medo de realizar determinada atividade por ser avaliado pelos outros. Sendo assim, a procrastinação não é necessariamente uma questão de má vontade, mas pode ter motivos muito mais profundos e estar associada a baixa autoestima e comportamentos autodestrutivos.

Tanto a preguiça como a procrastinação são sinais que precisam ser considerados, pois os impactos à saúde mental podem ser enormes se associados a depressão, ansiedade, estresse, sono deficiente, atividade física inadequada e isolamento. Atrás da preguiça e da procrastinação pode existir uma pessoa que está sofrendo.

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Por Eduardo Galindo, em Psicologia

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