Igreja

Papa preside missa de Exaltação da Santa Cruz

Francisco se deteve, em sua homilia, nas duas imagens das serpentes: as serpentes venenosas que mordem e a serpente que salva, narradas no Livro dos Números

Escrito por MI

14 SET 2022 - 10H07 (Atualizada em 14 SET 2022 - 12H01)

Divulgação

O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística, nesta quarta-feira (14), Festa da Exaltação da Santa Cruz, na Praça da Expo, em Nur-Sultan, no Cazaquistão.

O Pontífice iniciou sua homilia, recordando que no madeiro da Cruz, "Jesus tomou sobre si o nosso pecado e o mal do mundo, e derrotou-os com o seu amor". "É por isso que fazemos festa hoje", sublinhou. O Papa se deteve nas duas imagens das serpentes: as serpentes venenosas que mordem e a serpente que salva, narradas no Livro dos Números.

A paz nunca é conquistada de uma vez por todas

"As serpentes que mordem atacam o povo, que se deixou cair mais uma vez no pecado da murmuração. Murmurar contra Deus não significa apenas falar mal e lamentar-se d’Ele. Significa também que no coração dos israelitas, esmoreceu a confiança n’Ele, na sua promessa", sublinhou Francisco, e tendo-se esgotado a confiança em Deus, o povo acaba sendo mordido por serpentes que matam. "Quantas vezes, desanimados e impacientes, perecemos nos nossos desertos, perdendo de vista a meta do caminho", frisou o Papa, sublinhando que em certos momentos de cansaço e provação, não temos forças para olhar para cima, olhar para Deus; em certas situações de vida pessoal, eclesial e social somos mordidos pela serpente da desconfiança, "injetando em nós os venenos da desilusão e do desconsolo, do pessimismo e da resignação, fechando-nos no nosso eu, apagando o entusiasmo".

Mas, na história desta terra, não faltaram outras mordidas dolorosas: penso nas serpentes venenosas da violência, da perseguição ateísta, penso num caminho por vezes conturbado durante o qual foi ameaçada a liberdade do povo e ferida a sua dignidade. Faz-nos bem guardar a recordação daquilo que sofremos: é preciso não cancelar da memória certas obscuridades; caso contrário, pode-se pensar que sejam água passada e que o caminho do bem esteja delineado para sempre. E não! A paz nunca é conquistada de uma vez por todas; há de ser conquistada cada dia, como também a convivência entre etnias e tradições religiosas diferentes, o desenvolvimento integral, a justiça social. Leia MaisBispos da CNBB instituem formação para Ministério dos CatequistasA grandiosidade do perdão de DeusO amor de Deus por meio de parábolasA Palavra de Deus

Segundo Francisco, para que "o Cazaquistão cresça ainda mais «na fraternidade, no diálogo e na compreensão (...) para “lançar pontes” de cooperação solidária com os outros povos, nações e culturas», há necessidade do compromisso de todos, há necessidade de um renovado ato de fé ao Senhor: olhar para cima, olhar para Ele, aprender com o seu amor universal e crucificado".

Da Cruz de Cristo, aprendemos o amor, não o ódio

A segunda imagem, a serpente que salva. Enquanto o povo morria por causa das serpentes venenosas, Deus escuta a oração de Moisés e lhe diz para fazer uma serpente de bronze e colocá-la numa haste. "Aquele que for mordido e olhar para ela, viverá". Deus poderia simplesmente destruir as serpentes venenosas, sem dar instruções a Moisés, mas este seu modo de proceder nos revela "o seu agir perante o mal, o pecado e a desconfiança da humanidade. Deus não aniquila as baixezas que o homem segue livremente: as serpentes venenosas não desaparecem, continuam existindo, estão à espreita, sempre podem morder". "O que mudou então? Que faz Deus?", perguntou Francisco.

A resposta vem de Jesus no Evangelho: «Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, a fim de que todo o que n’Ele crê tenha a vida eterna». "Esta é a virada", disse o Papa. "Chegou entre nós a serpente que salva: Jesus, elevado na haste da cruz, não permite às serpentes venenosas, que nos assaltam, levar-nos à morte. Perante as nossas baixezas, Deus nos dá uma nova altura: se mantivermos o olhar voltado para Jesus, as mordidas do mal já não nos podem dominar, porque Ele, na cruz, tomou sobre si o veneno do pecado e da morte, e aniquilou a sua força destruidora. Aqui temos o que fez o Pai perante a propagação do mal no mundo; deu-nos Jesus, que se aproximou de nós como nunca poderíamos imaginar."

Irmãos e irmãs, esta é a estrada, a estrada da nossa salvação, do nosso renascimento e ressurreição: olhar para Jesus crucificado. Daquela altura, podemos ver de uma maneira nova a nossa vida e a história dos nossos povos. Porque, a partir da Cruz de Cristo, aprendemos o amor, não o ódio; aprendemos a compaixão, não a indiferença; aprendemos o perdão, não a vingança. Os braços abertos de Jesus são o abraço de ternura com que Deus nos quer acolher. E mostram-nos a fraternidade que somos chamados a viver entre nós e com todos. Indicam-nos o caminho, o caminho cristão: não o da imposição e constrição, da força e da exuberância.

O Papa concluiu, dizendo que "no madeiro da cruz, Cristo tirou o veneno da serpente do mal, e ser cristão significa viver sem venenos: não nos mordermos entre nós, não murmurar, não acusar, não criticar os outros, não disseminar as obras do mal, não poluir o mundo com o pecado e a desconfiança que vem do Maligno. Que não haja em nós nenhum veneno de morte. Ao contrário, rezemos para que, pela graça de Deus, possamos tornar-nos cada vez mais cristãos: testemunhas alegres de vida nova, de amor, de paz".

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