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Comemoração dos prisioneiros do primeiro transporte para o campo de Auschwitz

No dia 14 de junho de 2025, em Harmęże e Oświęcim, foi homenageada a memória dos 728 poloneses deportados para o campo de concentração de Auschwitz, há 85 anos, pelos nazistas alemães.

Escrito por Cibele Battistini

16 JUN 2025 - 11H40



A cerimônia contou com a presença de 10 sobreviventes de Auschwitz, a direção do Museu Estadual de Auschwitz-Birkenau, representantes da Ordem Franciscana e Salesiana, membros do clero diocesano, delegados do Presidente da República da Polônia, do corpo diplomático, autoridades estatais e locais, da comunidade Rom, de instituições nacionais, associações, fundações, organizações sociais, além de cidadãos que desejaram prestar homenagem às vítimas do nazismo.

No Centro São Maximiliano em Harmęże, presidida pelo Bispo de Bielsko-Żywiec, Mons. Roman PINDEL, foi celebrada uma missa em sufrágio pelos prisioneiros do primeiro transporte: soldados da campanha de setembro (militares poloneses que lutaram durante a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, iniciada em 1° de setembro de 1939, evento que marcou o início da Segunda Guerra Mundial), membros de organizações clandestinas independentes, estudantes do ensino médio e universitários, além de judeus poloneses.

Em sua homilia, o Bispo refletiu sobre o conhecido lema “Arbeit macht frei” (o trabalho liberta) colocado nos portões do campo, definindo-o como uma distorção cínica do Evangelho. “Queridos irmãos e irmãs, hoje nos perguntamos sobre o significado da frase Arbeit macht frei (‘O trabalho liberta’), que na verdade é uma falsificação de uma frase do Evangelho: ‘Se permaneceres fiéis à minha palavra, realmente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’ (Jo 8,31b-32). A substituição da palavra ‘verdade’ por ‘trabalho’ é significativa, e foi realizada por pessoas que não buscavam a verdade, mas sim uma ideologia anticristã, muitos deles professando ateísmo ou antissemitismo. A maldade dessa alteração reside em dar uma falsa esperança e em zombar cinicamente dos homens, vítimas da brutalidade nazista, condenados à morte através do próprio trabalho”.

O mesmo Bispo relatou o testemunho de Kazimierz ALBIN, prisioneiro do primeiro transporte (matrícula n. 118), que recordou o dia em que a placa foi afixada sobre o portão do campo: “Um dia, era 1940, saímos para trabalhar e o portão ainda estava ‘vazio’. Voltamos à noite e vimos aquela escrita, que dominava o campo. Nunca esquecerei aquele momento. (…) Fomos aterrorizados pelo cinismo dos nazistas. Eles escreveram: ‘O trabalho liberta’, mas já havíamos experimentado em nossa própria pele que o trabalho em Auschwitz era apenas um método para exterminar os prisioneiros. Assim, logo formulamos um triste ditado: Arbeit macht frei durch den Schornstein, ou seja, O trabalho liberta… através da chaminé”.

O Bispo PINDEL alertou sobre o risco de usar instrumentalmente a autoridade de Deus para enganar, falsificar seu ensinamento ou dar uma forma religiosa a palavras que são, na verdade, mentirosas, enganosas ou cínicas.

Após a Eucaristia, os participantes visitaram a exposição monumental “Klisze pamięci. Labirynty” (Fotogramas da memória. Os labirintos) nos subterrâneos da igreja franciscana, obra do ex-prisioneiro do primeiro transporte, Marian KOŁODZIEJ (matrícula n. 432), que narra a tragédia vivida nos campos de extermínio.

Subsequentemente, as celebrações se deslocaram para Oświęcim, diante do edifício do antigo Polski Monopol Tytoniowy (Monopólio Polaco do Tabaco) – atual Universidade Estadual da Pequena Polônia, homenageando o capitão Witold PILECKI – onde no dia 14 de junho de 1940 os oficiais da SS (squads nazistas) colocaram em quarentena os prisioneiros do primeiro transporte. As delegações presentes depuseram coroas de flores sob a placa comemorativa fixada no edifício em sua memória.

A última etapa da celebração foi Auschwitz I, onde, diante do Bloco 11, foi cantado o hino nacional polonês e foram depositadas coroas de flores e velas acesas junto ao “Muro da Morte”, em homenagem a todas as vítimas da Segunda Guerra Mundial. Os sacerdotes presentes também rezaram na cela da morte de São Maximiliano M. KOLBE.

O Diretor do Museu Estadual de Auschwitz-Birkenau, Dr. Piotr M. A. CYWIŃSKI, finalmente leu as cartas enviadas aos participantes pelo Presidente do Parlamento polonês, Szymon HOŁOWNIA, e pela Ministra da Cultura e do Patrimônio Nacional, Hanna WRÓBLEWSKA.

Fra Jan M. SZEWEK


Fonte: OFM conventuis.org

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