Comportamento

Ser mãe é...

Um retrato sincero da maternidade

Ana Cristina

Escrito por Ana Cristina Ribeiro

10 MAI 2020 - 08H00 (Atualizada em 25 JUL 2023 - 15H34)

A maternidade é um grande mistério que muitas mulheres se encorajam a descobrir e só existe uma forma de fazer isso: o experimentando. Enquanto algumas se planejam meticulosamente para este momento, outras são surpreendidas pelo destino com uma vida querendo logo nascer.

Não importa se você estava aguardando ansiosamente aquele momento ou não, quando o primeiro positivo aparece em um teste de farmácia, antes da euforia, o coração é tomado por um medo e uma angústia gigantesca. “Será que vou dar conta?”, “Eu sou capaz de cuidar de uma outra vida?” ou “Eu vou ter alguém que vai depender de mim pra tudo!” são pensamentos e questões que chegam antes da alegria pois lá no fundo a gente sabe que a responsabilidade é grande e vai crescer ainda mais, vai dormir nos nossos braços e depois vai voar pro mundo de forma independente.

A cada mês expectativas, medos, planos, alegrias, descobertas, mudanças vão se alternando freneticamente enquanto preparamos o nosso mundo para receber um bebê. Arruma o quarto, corre atrás de enxoval, pensa na lembrancinha e em mais milhares de coisas.

Uma frase de Santa Teresa d’Ávila diz: “É pelo preparo do aposento que se conhece o amor de quem acolhe o seu amado”, ela disse isso no contexto eucarístico, de estarmos preparados para receber Jesus na hóstia consagrada, mas tomo a frase como licença poética para aplicá-la também a maternidade. A gente ama tanto que quer fazer com que o primeiro contato da nossa criança com o mundo exterior seja o melhor possível. Para isso a gente vai depositando todo o nosso amor como a gente pode, seja escolhendo decoração ou até trabalhando um pouquinho a mais para ter uma grana extra no fim do mês e comprar aquela mamadeira da moda.

Durante o nosso próprio “advento” vamos percebendo as mudanças no corpo, na rotina e entendendo que algumas delas serão permanentes. O valor que a gente dá pras coisas também muda muito. A estria que assustava na vida de solteira, na gravidez passa desapercebida tudo pelo bem estar do bebê. Os amigos ganham um novo significado, a vida social se transforma, mas o grande ponto disso tudo é a família. Começamos a valorizar muito mais aqueles que estão conosco.

Tudo o que os nossos pais falaram pra gente e debochamos na adolescência começa a fazer todo o sentido. Todos os clichês que a gente um dia ouviu, não passam de verdades que nunca quisemos engolir. Quantas vezes a gente não para pra rir sozinha e percebe que estamos pagando com a língua e fazendo coisas que sempre nos opomos. As fichas começam a cair e não param mais!

Quando nasce um bebê, nasce uma família e quando essa família começa, a gente vai entendendo que o comercial de margarina é uma grande mentira. Pode até ser a realidade de alguns, mas a gente compreende que a verdade é variável para cada lar. Não existe receita, caminho, babá mágica ou dispositivo tecnológico que dêem jeito. A gente para e percebe que os laços que a gente cria são maiores do que qualquer outra coisa e eles devem ser os protagonistas da nossa convivência familiar.

O romantismo que cerca a maternidade é muito bonito, é muito real mas não é absoluto. Ser mãe não é um mar de rosas, é colhê-las da roseira pegando nos espinhos para oferecer as flores limpas para os filhos. É muitas vezes se anular para fazer o outro feliz, é se tirar do primeiro lugar por entender que a prioridade agora é outra, é ter mil preocupações e não externá-las simplesmente por não conseguir selecionar uma para começar a botar pra fora. É abrir mão da vaidade, é ser tirada da paciência, é ser testada o tempo inteiro. É ser julgada pelos outros e por si mesma, é chorar no banheiro concluindo que não está fazendo um bom trabalho. Embora esta última seja uma grande mentira!

Como uma antiga expressão diz “Ser mãe é padecer no paraíso”, as vezes demoramos demais pra enxergar o tal paraíso, mas aí a gente recebe um sorriso, um desenho abstrato, um ‘eu te amo’ inesperado... até que a gente percebe que o nosso paraíso tem nome, sobrenome e uns dentinhos a menos na boca. O nosso paraíso é palpável, tem cor, textura, cheiro, sede de descobrir o mundo. “O que será que ele vai ser quando crescer?” ou “Que tipo de aluno ele vai ser?” são algumas questões que passam pela cabeça quando vemos o nosso bebê no primeiro ano de vida brincando com pecinhas de encaixar. Parece louco, né? Mas ser mãe também é imaginar.

A gente vai vivendo e construindo uma imagem dos nossos filhos, moldando eles aos nossos sonhos, depositando neles qualidades que a gente sempre quis ter na vida mas falhamos miseravelmente. Aí sabe o que começa a acontecer? A gente cai em si de novo, percebe que ele não gosta da nossa fruta favorita ou que o macacão que pagamos uma fortuna não o deixa confortável. Um serzinho tão pequeno começa a construir seu senso de gosto e pouco a pouco vai deixando isso claro. A personalidade vai ganhando seus traços e a mãe que lute para lidar com tudo isso!

Os filhos vão crescendo, mudando, passando por fases diferentes, mas uma coisa nunca muda: a mãe. Não importa o que aconteça, no sol ou na tempestade ela está lá pronta para defender sua cria e ser o melhor abrigo que alguém poderia ter. Se antes deles nascerem a gente prepara o mundo para recebê-los, é porque a gente sabe que filhos foram feitos pra voar. Por mais que doa aceitar, a gente só quer vê-los voando por um lugar seguro, respeitoso, fraterno, justo, colaborativo.

O nosso erro é amar demais e querer proteger de tudo. Tivemos experiências na nossa vida que nos deram algumas conclusões. Os nossos pais falavam e mesmo assim a gente queria ver com os nossos próprios olhos. Isso acontece também com os nossos filhos, é algo que não podemos barrar. E quando eles vêm chorosos com o coração despedaçado por algum motivo, a gente entende que o nosso maior acerto também é amar demais. É amar tanto, a ponto de acolher, a ponto de perdoar, a ponto de esquecer todo o esforço que fizemos ou o cansaço que passamos. Ser mãe, é olhar pra trás e ver que faríamos tudo de novo!

A MILÍCIA DA IMACULADA DESEJA UM FELIZ DIA DAS MÃES!

Escrito por:
Ana Cristina
Ana Cristina Ribeiro

Graduada em Jornalismo e licenciada em Letras, atua no Departamento de Redação da MI como jornalista responsável pela revista "O Pequeno Mílite" desde 2016.

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