O Papa João Paulo II um ano antes de ser proclamado Papa visitou a cela de São Maximiliano Kolbe, na Via San Teodoro, onde fundou a Milícia da Imaculada, no centro da Roma antiga.
São Maximiliano, depois ter assistido e presenciado, com muita dor, uma situação religiosa difícil ligada a uma política complicada inclusive com a tomada de Roma. Na época, ouvia-se muitos gritos contra a Deus e o Papa, inclusive tornando-o um prisioneiro. Maximiliano, então frei, pensou em tomar uma posição de luta e conquista do mundo contra todas essas adversidades. Escolheu o caminho do amor!
João Paulo, entrando naquele “quartinho” tão repleto de significado, pronunciou as seguintes palavras: “Maximiliano Kolbe, viu não somente a grandeza de Maria, a Imaculada e a sua beleza, mas viu nela uma grande energia, uma força potentíssima a qual deveria comunicar ao mundo. ” Esse Papa acabou sendo quem canonizou São Maximiliano, definindo-o como o mártir da caridade, por conhecer toda a sua trajetória e devido ao seu testemunho com conhecimento da força da Consagração à Imaculada idealizada por ele.
Maximiliano durante a sua vida percebeu algo diferente na Imaculada, essa observação, foi fruto da sua espiritualidade e da sua profunda oração. “Se alguém quiser conhecer a Imaculada peça-o de joelhos ao Espírito Santo”. Esta é a chave para conhecer a Imaculada, percorrendo um caminho franciscano, com São Maximiliano e ligado à Mãe de Deus. Esse caminho era sobretudo em concordância ao magistério da Igreja que chegou a proclamar Nossa Senhora como a Imaculada. Depois disso o que se poderia fazer? Encerrar o assunto e fechar o livro? Não! Vamos abrir outro e a partir disso é que vamos tomar um caminho para agir, para evangelizar.
O Espírito Santo tornou Maria, mãe de Deus. “Conceberás por obra do Espírito Santo”(Lc. 1,31 e 35). Mas, quem é o Espírito Santo? Deveria ser uma pergunta no coração de Maria. Para uma mulher se sentir grávida por alguém, ela necessita conhecê-lo. Por isso podemos imaginar que a vida de Maria foi de intensa comunhão com o Espírito Santo e sabemos que ele foi a sua força e a sua luz.
Para obter a energia elétrica são necessários os dois polos, o negativo e o positivo, para gerar a corrente elétrica que ilumina, dá força aos motores e fazer funcionar tantas coisas. Podemos comparar: o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho é a força e a luz que geram a energia. Tudo o que se concretiza por parte de Deus é obra do Espírito Santo. Por isso que a própria criação é obra de Deus no Espírito Santo. Nas palavras da Bíblia podemos constar: “O Espírito de Deus pairava sobre as águas”(Gn 1.2). O Espírito Santo é o sopro da vida, vejamos quando Deus soprou dando vida à sua criação: o homem. (Gn 1.26-30)
Maria Santíssima é a “escola, a universidade, o pós-graduação” sobre o Espírito Santo, é “doutora” no assunto, pois comunica o Espírito Santo a partir do que ela construiu o “Deus-humano”. Ela, por meio do Espírito Santo, concebeu e acompanhou o “Deus-humano” desde Belém até a cruz.
Maria recebeu de Deus o seu projeto, Jesus. Conviveram durante 30 anos. Depois, Jesus iniciou a sua vida pública durante 3 anos, então, apareceram os frutos que chamaram atenção de todos, aquela pessoa diferente e surpreendente, que era enviado do Pai e que era o próprio Pai. O homem que era ao mesmo tempo admirado por uns e contestado por outros tinha como seu suporte os 30 anos vividos ao lado de sua mãe Maria. O silêncio de Maria, que falava de Deus, foi muito mais valioso do que os seus milagres, e o acompanhou durante toda a sua vida.
Um Deus que se fez frágil numa criança na manjedoura, depois crescendo em graça e sabedoria, um adolescente e que se fez homem e realizava as tarefas incrivelmente simples e comuns do dia a dia. A humanidade divina que se utilizava de trabalhos corriqueiros, manipulando instrumentos e ferramentas tão básicos como uma vassoura, ou um martelo.
Maria Santíssima viu em Jesus Cristo a encarnação de Deus, não somente no seu rostinho quando ainda era bem pequeno, mas durante toda a sua vida, pois manifestou a onipotência e o poder de Deus tornando-se tão frágil para mostrar ao mundo a grandiosidade de Deus.
Na cruz ela viu seu filho no máximo da sua entrega à humanidade e no maior sacrifício do ser humano. No momento derradeiro de sua vida ainda encontrou forças e falou: “Mulher, eis aí teu Filho” e depois disse ao discípulo: “Eis aí a sua mãe” E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua casa. (Jo 19,26-27). Entregando, assim toda a humanidade à sua mãe. Portanto Deus colocou em Maria todos os projetos de salvação da humanidade. Nossa Senhora tem no seu filho amado toda a autonomia para poder dar continuidade ao projeto de Deus.
Agora somos nós, seus filhos que, por meio da consagração, que é a nossa entrega total a esta mulher, que sendo instrumentos disponíveis a ela, possamos concretamente cumprir a vontade do seu filho Jesus e realizar os seus projetos. A consagração, é assim, a nossa entrega total para realização do projeto de Deus no mundo.
A consagração à Imaculada não é uma prisão e nem uma escravidão que acorrenta. Uma legítima consagração à Imaculada liberta amar, agir, louvar e construir o reino de Jesus Cristo no mundo, sob a sua total orientação e o seu doce olhar Imaculado.
A devoção da consagração à Nossa Senhora, antes de Maximiliano Kolbe, teve a sua importância, tinha uma simbologia diferente que a pessoa se tornava uma escrava, inclusive fazendo uso de correntes, o que dava o tom de pertença total. Mas, São Maximiliano deu um novo enfoque, uma nova visão e entendimento a Consagração à Imaculada. Deixou de lado a prisão, as correntes e ampliou os seus horizontes oferecendo a liberdade de ter um coração disponível a ela tornando o seu desejo e a sua vontade uma plena realização no mundo.
Sentir -se em sintonia com Ela, imitando os seus gestos e comportamentos, enfim sendo um instrumento vivo e disponível em suas mãos!
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