Neste artigo, nos deteremos sobre a V Conferência do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano) em Aparecida, Brasil. Um dos temas tratados nesta conferência foi o de “Maria: discípula e missionária”. Podemos afirmar que Maria deve nos ajudar sempre mais a viver em nossas comunidades a dupla experiência do discipulado e da missão.
A sua figura deve nos estimular e incentivar nos tempos em que vivemos, ajudando-nos a viver na escola do único Mestre, na escuta atenta da palavra de Deus, e na resposta a ela no seguimento radical de Jesus.
A este respeito, trazemos presente um trecho de um sermão de Santo Agostinho, que afirma que em Maria: “é mais importante a sua condição de discípula de Cristo do que a de mãe de Cristo; Ela é mais ditosa por ser discípula de Cristo do que por ser mãe de Cristo”. Parece estranha esta afirmação de Santo Agostinho sobre Maria. Porém, o que queremos realmente apontar é o fato que, ao longo de vários séculos, a Teologia e o Magistério tenham insistido mais na maternidade divina da Virgem Maria, a Theotokos – correndo o perigo de alçar Maria cada vez mais e de torná-la inexequível aos olhos e às práticas e vivências de nosso povo – do que como discípula e seguidora de Jesus.
Portanto, olhar em Maria e ressaltar sua figura de discípula a aproxima de nós, a humaniza plenamente e nos ajuda a compreender melhor que, como nós, como crente e como discípula de Jesus, Ela pode ser um estímulo e até mesmo um exemplo simples a ser seguido.
Nas nossas ações evangelizadoras, devemos sempre voltar o nosso olhar para estas dimensões tão importantes da pessoa e da figura de Maria, aproximando o nosso povo da discípula de Jesus, a fim de que, colhendo desta experiência, este possa ser primeiro e antes de tudo discípulo.
Leia MaisNovidade para você!Papa está se alimentando regularmente, informa VaticanoA missão de evangelizar Carta para o PapaA pessoa humana única e infinitamente valiosa O discípulo, como seguidor de Jesus, vive uma fase muito importante de aprendizagem. Ser discípulo é se colocar no caminho da vida, assumindo esta como uma verdadeira peregrinação, na qual devemos buscar incessantemente um encontro permanente com o Mestre e Senhor. Desse modo, em Maria isto tudo se percebe claramente, onde Ela se faz também peregrina da fé.
Sobre a renovação da Mariologia, o Concílio Vaticano II diz: “Na vida pública de Jesus, sua mãe aparece significativamente. Já no começo, quando, para as núpcias em Caná da Galileia, movida de misericórdia, conseguiu por sua intercessão o início dos sinais de Jesus, o Messias (Jo 2,1-11). No decurso da pregação de seu Filho, Ela recebeu as palavras pelas quais... Ele proclamou bem-aventurados os que ouvem e guardam a palavra de Deus (Mc 3,35 e Lc 11,27-28), tal como Ela mesma fielmente o fazia (Lc 2,19 e 51). Assim Maria avançou em peregrinação de fé” (cf. LG 58).
Eis, enfim, o nosso desafio na tarefa evangelizadora que como Igreja levamos em frente. Uma luz que as conferências do CELAM nos mostram é a de redescobrir Maria como discípula e missionária do evangelho. Maravilhosa aventura e ao mesmo tempo um escopo para toda a Igreja, em especial para a latino-americana e caribenha. Para tentar cumprir com êxito este desafio, é preciso, ao menos, realizá-lo à luz do novo testamento, por ser ele a palavra de Deus, fonte de vida e de ensinamento.
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