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Aceitar o convite, arriscar pelo novo

Programa Igreja no Rádio, entrevista com Padre Attílio Hartmann

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Programa Igreja no Rádio, entrevista com Padre Attílio Hartmann


Um coração jovem é aquele que, como diz o Papa Francisco, é aberto ao Deus da novidade. Andar com Jesus é estar em constante aprendizado e maturidade humana e espiritual. É ser humilde.

Neste dia 25 de fevereiro, Padre Attílio Hartmann nos fala sobre ser jovem e aceitar o risco do novo. Ele é entrevistado por Denis Santos.

- Mais uma vez, Padre Attílio, o senhor desperta nossa curiosidade: jovem é quem aceita o risco do novo. Como explicar isso?

Explicar é preciso. Aliás, Jesus também explicava suas parábolas, suas metáforas, quando estava com seus amigos mais próximos. Então, vamos ao tema. Sabem, gente amiga, como é difícil para muita gente aceitar tranquilo e sereno o risco do novo. Sim, vocês ouviram bem: o risco do novo. Bem, eu nasci em outubro de 1935. Façam as contas. Sei que sou “antigo”, mas não gosto que me classifiquem como idoso, ancião e, muito menos, como velho. Creio e afirmo que velhice é, também, uma questão de opção: de alguma maneira, sou o que acredito ser. No simbolismo de que o coração não envelhece há uma grande verdade.

- É, o coração não fica velho nunca, como sede do amor, ama e quer ser amado até o fim da vida, não é mesmo? Mas, Padre Attílio, continuemos falando do tema da juventude dos que aceitam o risco do novo.

Então, neste meu longo caminhar pela vida tenho, a cada dia, mais dúvidas que perguntam e menos certezas que afirmam. São jovens e sábios os que sabem que não sabem e perguntam. E continuam jovens quando ainda perguntam aos 90, aos cem anos. Por outro lado, como são velhos, muito velhos, previsíveis e chatos os afirmativos que têm certezas sobre tudo e sobre todos... Mesmo que tenham 20 anos. São velhos. E como é bom, como é gostoso conviver com pessoas que, humildes, fazem perguntas e acolhem respostas; agora, como é terrivelmente desgastante ter que conviver com gente que, como dizia meu saudoso pai Germano, “sabem tudo, só não sabem como são tolos”.

- São os famosos “donos da verdade”...

Isso, donos da verdade. E cá entre nós: os que se julgam donos da verdade se tornam mais e mais repetitivos, vivem numa enfadonha mesmice, aferrados compulsivamente às suas verdades, acreditando que são as únicas verdades verdadeiras. O desafio do novo, do não experimentado, da utopia do que ainda não é, mas poderá ser, os assusta porque os desestabiliza e faz ruir seu pequeno mundo fechado sobre si mesmos, sobre suas poucas ideias e restritas convicções. Do seu coração mesquinho vem a crítica amarga, a condenação injusta, a calúnia e a mentira contra todas as pessoas que, em qualquer campo, convidam e mostram um horizonte novo, um caminho ainda não caminhado, experiências a serem realizadas. O Papa Francisco que o diga, talvez o papa mais caluniado e difamado dos últimos séculos...

- Hoje é o Papa Francisco, mas Jesus, no seu tempo, também sofreu e até foi condenado exatamente por anunciar um tempo novo, de pessoas novas, não atreladas a antigas e superadas normas e leis, estou certo, Padre Attílio?

Exato. Então, há dois mil anos, como nos conta o evangelista Lucas, um grupo de pescadores profissionais que havia trabalhado toda a noite, vai tirando de seus barcos as redes vazias. Aí chega aquele Homem de Nazaré e olha para seus amigos, vê sua tristeza, acolhe sua decepção e, mesmo sem ser pescador, os incentiva e diz: Vamos, entrem nos barcos de novo, avancem para águas mais profundas (cf Lucas 5,1-11). Todos sabemos como aqueles pescadores, aceitando a sugestão de aceitar o risco do novo, das “águas mais profundas”, fizeram a mais abundante pescaria da sua vida. Gente amiga, gente querida, mentes fechadas, corações pequenos, fantoches de consumo, vidas mesquinhas detestam e rejeitam qualquer convite para abrir sua mente e seu coração para o novo do Espírito do Senhor Jesus que convida, sugere e estimula para experimentarmos a beleza e a riqueza das águas mais profundas, onde a vida realmente acontece e faz feliz a quem aceita o risco do novo. Um beijo sempre jovem no coração de cada um de vocês, fiquem com Deus, sempre jovem, fiquem com a gente também. E até nosso próximo encontro.

Ouça a entrevista abaixo:

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