Para mim, Dostoiévski foi o maior escritor russo e um dos maiores nomes da literatura universal. A profundidade de seus livros influenciou Freud, Nietzsche, Sartre e outros; ainda hoje, suas obras são editadas em diversos idiomas, despertando a consciência para o essencial da vida.
Esse autor revela ao leitor um caminho de esperança através de seus personagens: pessoas angustiadas e desiludidas com a sociedade e com a própria vida. Mas, no desenvolvimento da própria história, despertam a autoestima e a esperança para superar as dificuldades. Essa é a missão dos artistas: promover um espaço onde o olhar, a imaginação e a criatividade despertam para promover uma compreensão e consciência de si mesmo e da realidade.
Muitas pessoas reclamam de uma sensação de vazio, de falta de sentido de vida. Os transtornos de personalidade se tornaram mais frequentes nos consultórios. Gilberto Safra, psicanalista, afirma que a pós-modernidade fez fraturas na ética das relações humanas. Por isso, “são pessoas que vivem continuamente com uma cicatriz no ser, que lhes diz que não são capazes de despertar amor em alguém”.
Na clínica, o psicólogo é responsável por acompanhar o seu paciente a ressignificar a sua vida, encontrando os caminhos por onde a angústia e a frustração possam ser encaradas saudavelmente, sem culpa e julgamentos.
Esse tempo de emergência sanitária intensificou medos, ansiedades, fobias e sintomas dos mais diversos. A situação da saúde mental já não era boa antes da pandemia.
Algumas pessoas tentam se equilibrar sozinhas, o que pode prejudicar ainda mais os quadros de depressão e estresse. Quando a pessoa sofre de algum transtorno, querer superar sintomas sem o acompanhamento de um profissional pode ser prejudicial.
Sinto nas pessoas a resistência de olhar para si mesmas e para sua própria dor. Como psicólogo, sou portador da esperança, e acredito que a maior patologia é a insensibilidade aos seus próprios sentimentos e aos dos outros. Quero destacar um fragmento da obra de Dostoiévski, que está em “Sonho de um homem ridículo”: “Eu vi a verdade, eu a vi e sei que as pessoas podem ser belas e felizes, sem perder a capacidade de viver na Terra. Não quero e não posso acreditar que o mal seja o estado normal dos homens”.
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