Colunista

A vida pode ser uma perigosa viagem

“Fiz muitas viagens. Sofri perigos nos rios, por parte dos ladrões, perigos por parte dos meus irmãos de raça, perigos por parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos por parte dos falsos irmãos” (2Cor 11,26)

Jorge Lorente

Escrito por Jorge Lorente

17 FEV 2023 - 00H00

Essas viagens perigosas do Apóstolo Paulo me lembraram de um jovem que foi admitido em uma companhia de trens, para substituir um senhor que, após 40 anos de trabalho, estava se aposentando. Para aprender o serviço, o aprendiz foi colocado para acompanhar o serviço do senhor, em seus últimos 15 dias de trabalho. O serviço parecia ser fácil. Chegando ao destino, o idoso apanhou um grande martelo, desceu do trem e foi batendo em todas as rodas dos vagões, e o jovem sempre ao seu lado observando atentamente. Feito isso, o antigo funcionário atravessou os trilhos e fez o mesmo em todas as rodas do lado oposto. Após martelar a última roda, os dois subiram no trem e tomaram seus lugares para a viagem de volta. Após o retorno, ao final da viagem, o senhor repetiu o ritual das marteladas.

No fim do expediente, desejando se aprimorar em seu novo trabalho, o futuro substituto perguntou ao seu parceiro por que ele batia nas rodas dos vagões, e a resposta que recebeu foi esta: “Você é muito curioso, menino. Começou hoje, e já quer saber? Há quarenta anos eu faço este trabalho e até hoje não sei o porquê. Se você quer preservar seu emprego, faça isso a cada viagem, e pronto!”.

Só algumas semanas depois, perguntando ao seu mestre, é que o jovem soube por que deveria bater em todas as rodas. Aprendeu que não bastava bater, era preciso ficar atento ao ruido que a roda emitiria. Pela ressonância, pelo tinido da roda ao receber a martelada, era possível detectar se havia alguma trinca ou início de rachadura na roda. Quando o timbre não era similar a um sino, essa roda tinha rachaduras ainda invisíveis e deveria ser substituída imediatamente, pois, se ela quebrasse durante a viagem, poderia ocorrer um descarrilamento, um acidente gravíssimo, pondo em risco os passageiros.

Pode parecer piada, mas trata-se de um fato real que, infelizmente, acontece em nosso dia a dia. Quantas coisas nós fazemos sem saber o porquê? Muitos se casam porque seus pais e amigos se casaram. A seguir, vêm os filhos e os pequenos são batizados apenas por tradição familiar. Sem saber do valor do Sacramento do Batismo e por desconhecerem a função dos padrinhos, esses pais não têm a menor preocupação com a escolha do casal que deveria auxiliá-los na educação religiosa das crianças. Sem a devida orientação, os filhos crescem distantes da religião e da oração.

Agora, sem nenhuma orientação, distantes de Deus, são alvos fáceis dos vícios e das drogas. Quando os pais desconhecem a razão de sua existência e de sua missão, batem por bater, sem prestar atenção no retorno, no timbre daquele choro ou dos palavrões. Nesse lar, é enorme o risco de “descarrilamento” dos jovens. O perigo é iminente. Esse lar está prestes a sair, de vez, dos ‘trilhos’.

Parece que a única saída é fazer o mesmo que fez aquele jovem aprendiz, procurar o Mestre Jesus, conversar com Ele e agir conforme Suas orientações para que a viagem desta vida seja menos perigosa, mais tranquila e segura.

Fonte: O Mílite

Escrito por
Jorge Lorente
Jorge Lorente

Locutor da Rádio Imaculada, colunista e escritor de vários livros consagrados. Seu último lançamento foi a obra "Maria, mãe e mulher".

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