Colunista

O outro lado da costura

Olhe sempre o verso da situação

Nathalia SPinto

Escrito por Nathalia Silva

25 MAI 2022 - 00H00

Pixabay

O que você costura por dentro, se reflete no que aparece por fora. Se tiver coragem, pegue alguma peça de tecido que você tem (bolsa, carteirinha, nécessaire) e vire do avesso. Literalmente. Abra um pedaço da costura e descubra o real trabalho de quem a costurou por dentro.

Em minha ânsia de concluir logo meus primeiros projetos de costura, sempre corri bastante para terminar a parte de dentro das peças. Precisava colocar manta acrílica, zíper... Depois tinha que fechar a peça para, enfim, desvirar tudo e contemplar minha criação. Mas tal era minha surpresa quando me deparava com costuras tortas, linhas soltas e, o pior, pontos que se desfaziam com um simples puxão. Ah, que decepção! Sentia um desânimo porque sabia que teria que virar tudo de novo, desfazer o que estava malfeito e refazer as costuras.

As marcas ficavam ali no tecido, me lembrando de que errei e do quanto o interior é importante para o exterior. Nestas horas, chegava a dar vontade de desistir, largar mão da peça e começar outra. Mas aí me lembrava do projeto inicial, da ideia, da escolha do tecido e do tempo que dediquei para chegar até ali. Pensava, às vezes, em deixar feio mesmo.

No entanto, minha mestra alertava com uma pergunta simples: “Este erro te incomoda? Se incomoda, vamos refazer”. Simples assim. Desfazer pontos com o caseador virou minha especialidade e motivo de muitas risadas no ateliê, com minhas filhas. Aos poucos, descobri o quanto é importante cuidar do verso da costura, daquelas linhas e alinhavos que ninguém vê, porque todo este processo se refletirá no exterior da peça, de alguma forma.

Percebi que não tem problema errar também, mas é preciso ser sincera comigo mesma, aceitar que estou incomodada e que preciso dedicar tempo a consertar o que não está bom. O processo de conserto pode ser bonito, agradável. Não preciso passar por isso reclamando e me condenando. Posso simplesmente pegar o meu caseador, chamado paciência, e trabalhar firme. Ao final, quando a peça fica realmente pronta, celebro não somente o resultado como também todo aprendizado que ele me trouxe.

Escrito por
Nathalia SPinto
Nathalia Silva

Leiga consagrada na Milícia da Imaculada há 20 anos, faz parte de nossa equipe de Comunicação e Marketing. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, Jornalista, com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e Bacharel em Teologia pela Universidade Claretiano.

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