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Mais do que amigos, somos família!

Disse Jesus: “Eu já não chamo vocês de empregados, pois o empregado não sabe o que seu patrão faz; eu chamo vocês de amigos, porque eu comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15)

Jorge Lorente

Escrito por Jorge Lorente

17 JUL 2022 - 00H00

Divulgação

Dia 20 de julho celebramos o Dia do Amigo e isso me lembra que, durante 23 anos, trabalhei em uma multinacional, onde eu supervisionava um grande grupo de colaboradores. Certo dia, meu superior foi substituído por um jovem gerente que, dias depois, quis conhecer os membros de sua equipe.

Quando chegou minha vez de ser apresentado, ele me repreendeu, pois soube que eu, um supervisor, trajando gravata, no intervalo do almoço, me sentava com meus colaboradores, aos quais ele chamou de “peões”, para jogar dominó, truco, ou simplesmente para bater um papo descontraído. Alegando que eu não obteria o respeito necessário para exercer o comando sobre a equipe, ele tentou me proibir. No entanto, eu tinha certeza de que isso não era verdade.

Há anos trabalhávamos juntos e sempre me respeitaram, assim como sempre respeitei a todos. Trabalho e lazer eram momentos distintos. Ressaltei que éramos uma equipe formada por grandes amigos, uma verdadeira família.

Depois de dar todas as explicações para tentar comprovar que minha proximidade com a equipe era salutar e que implicava, até mesmo, em uma maior produtividade, lembrei-me de São João Bosco, grande educador, que marcou presença e teve muito sucesso junto à juventude, com sua maneira simples de educar e de impor seu método de ensino, que nos deixou estas palavras: “É fundamental a familiaridade com os jovens, especialmente no recreio. Sem familiaridade não se demonstra afeto, e sem essa demonstração não pode haver confiança. Quem quer ser amado deve demonstrar que ama. O mestre, o professor, visto apenas na cátedra, na sala de aula, é mestre, é professor, e nada mais, mas, se está no recreio com os jovens, torna-se irmão”.

O gerente ouviu atentamente essas palavras, e me pediu que lhe falasse sobre São João Bosco. Expliquei que ele lidava com jovens escolares, porém, essas suas palavras devem atingir todas as idades e todos os ambientes. Assim como o professor, ou professora, o mesmo acontece com o coordenador, com o gerente, supervisor, com o chefe imediato ou com qualquer um que tenha sob si um grupo de colaboradores, seja na indústria, na escola, no lar ou na comunidade paroquial.

A boa relação entre comandante e comandado pressupõe confiança mútua, transparente, só encontrada na verdadeira amizade. Essa proximidade nos leva a agir abertamente, sem esconder nada do outro, a não mentir para o outro, mas oferecer ao outro a mesa farta da nossa sinceridade, da nossa honestidade, a mesa farta da nossa amizade.

Eu, então, sugeri que ele se aproximasse e que, nos momentos de descontração, se nivelasse à sua nova equipe e assim, mais do que colaboradores, ele iria ganhar amigos. Felizmente, ele entendeu o recado e apoiou a iniciativa. Finalizando, trabalhamos juntos, por muitos anos, até minha aposentadoria, e ele sempre foi um grande companheiro de trabalho, muito querido e respeitado por todos nós.

Fonte: O Mílite

Escrito por
Jorge Lorente
Jorge Lorente

Locutor da Rádio Imaculada, colunista e escritor de vários livros consagrados. Seu último lançamento foi a obra "Maria, mãe e mulher".

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