Por Jorge Lorente Em Colunista

Somos sustentados por Deus

“Assim diz o Senhor dos exércitos: ‘velhos e velhas ainda se sentarão nas praças de Jerusalém, todos de bengala na mão por causa da idade’” (Zc 8, 4)

Pixabay
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Após ler o texto acima, um jovem quis saber o que era essa tal de bengala e, se essa coisa só servia para os velhos, como está na Escritura. Expliquei-lhe que não, pois além dos idosos, existem momentos de doenças, fraturas, recuperações cirúrgicas etc, em que a bengala se faz necessária, para qualquer idade. Esse fato me fez perceber como os pais deixam de repassar coisas importantes aos seus filhos.

A tradição e a memória estão sendo apagadas. E, o que é pior, a amnésia religiosa está presente nas famílias. Os pais já não ensinam as orações aos seus filhos. Grande parte das crianças ingressa no preparatório para Iniciação à Vida Cristã, sem saber o básico como, por exemplo, a oração da Ave-Maria. Isso me fez pensar por que a religião e seus ensinamentos são tão desvalorizados? Por que Deus é tão esquecido e só procurado nos momentos difíceis? Surgiram diversas hipóteses, até que o senhor Isidoro, avô do Marcel, da Louise e da Laís, disse que, para muita gente, Deus não passa de uma bengala.

Para os idosos, a chamada Terceira Idade, a bengala é muito valiosa. Sem ela, a pessoa cai facilmente, sente-se insegura e incapaz de se locomover. Ressaltou que em sua época, para os homens de todas as idades era charmoso complementarem suas vestes com o uso de uma bengala, mesmo não sendo ela necessária para apoiar-se. A bengala, confeccionada com materiais preciosos, não passava de um caríssimo acessório. Portanto, os homens e as mulheres, da segunda idade, viam na bengala apenas um luxuoso complemento.

Para os jovens da primeira idade, a bengala era um objeto supérfluo, inútil. Bengala era sinônimo de velhice, mostrar interesse por ela era motivo de chacota. Dessa mesma maneira Deus é visto pelas pessoas. O idoso, já repleto de cicatrizes, resultantes dos tropeços e fraturas que a vida apresenta, sabe dar a Deus seu devido valor. Sabe que Deus é seu suporte de sustentação e que sem Deus é impossível caminhar. Sem Deus não há segurança e a queda é certa. Os da segunda faixa etária veem Deus apenas como um complemento, uma bengala para, em determinados momentos, resolver problemas de saúde e fraturas espirituais. Deus não passa de um acessório de luxo e de alto custo para conseguir ajuda financeira, prosperidade, posição social, carros importados e caminhos sem cruz.

E os nossos jovens? Também é motivo de chacota, para um jovem, falar de Deus e mostrar interesse em segui-lo. Infelizmente, muitos dos nossos jovens desconhecem o poder e o amor de Deus. Na família a memória não é mais exercitada, não há espaço para as coisas antigas, por isso, nos lares, não se fala de bengala e, muito menos, de Deus.

Fonte: O Mílite

Escrito por:
Jorge Lorente
Jorge Lorente

Locutor da Rádio Imaculada, colunista e escritor de vários livros consagrados. Seu último lançamento foi a obra "Maria, mãe e mulher".

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